Os primeiros resultados anunciados pelas pesquisas de boca de urna apresentam uma vitória contundente de Rafael Correa, candidato a presidência do Equador pela Aliança País.
É certo que são dados extra-oficiais, mas a vitória foi atestada na contagem rápida, e deve confirmar-se no escrutínio oficial. O mais importante é que a diferença a favor do candidato da Aliança País se mantenha acima dos 10 pontos percentuais de vantagem sobre o seu opositor, Álvaro Noboa, porque desta forma, a legitimidade do futuro Governo estará realmente respaldada na manifestação popular.
No entanto, esta significativa diferença, além de expressar um importante voto de confiança a favor de Correa, também representa uma enorme votação contra Noboa por parte dos eleitores que decidiram não anular o seu voto.
A análise dos resultados das últimas pesquisas indica que os votos que fizeram a diferença na eleição de Correa foram os votos de centro, que não pertencem à base de apoio do novo presidente. Isto quer dizer que Correa chega ao poder com muitos votos emprestados. Cabe a Rafael Correa entender o real significado das urnas e governar não só para os seus simpatizantes, mas também para aqueles que lhe emprestaram o seu voto.
Para tanto, Correa deverá formar o seu gabinete com a inclusão de várias forças que determinaram a sua vitória, especialmente com os partidos de centro, e respeitando o sistema democrático, porque diferentemente de Evo Morales na Bolívia, o novo Presidente do Equador não detém a maioria dos votos contando somente os seus simpatizantes.
Correa necessitará demonstrar mais determinação do que tem apresentado até agora para impulsionar a reforma político-institucional que o Equador necessita.
O novo presidente deverá respeitar a liberdade de imprensa, escutar as vozes de oposição e propiciar uma unidade nacional. O seu talento pessoal será medido pelo modo como venha a administrar os grupos radicais que estão ao seu redor.
A reforma política que prometeu durante a campanha deverá ser conduzida obedecendo à Constituição. Caso contrário, seguramente encontrará críticas na opinião pública e nos meios de comunicação. Suas primeiras decisões serão cruciais, bem como, a conduta das elites e dos partidos políticos.
As suas relações com Evo Morales e Hugo Chávez determinarão a sua política externa. Neste momento, Correa representa a confirmação de um modelo político que está se propagando na América do Sul.
O posicionamento do Equador na Comunidade Andina de Nações (CAN) será fundamental para definir o panorama político-econômico da região, visto que a Colômbia e o Peru estão na iminência de assinar Tratados de Livre Comércio com os EUA, enquanto que Correa e Morales já manifestaram não ter interesse neste tipo de aliança com os norte-americanos.
A chegada de Correa ao poder cria uma divisão de forças dentro da já combalida CAN. O Equador potencialmente deverá se aliar à Bolívia como simpatizantes do modelo chavista, em oposição a Colômbia e o Peru, membros avessos à política do presidente venezuelano.