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Em busca do soft power

Em um ranking elaborado pela Monocle, uma das revistas mais interessantes atualmente, o Brasil ficou em 30º lugar entre as potências mundiais do soft power. Soft power é uma expressão usada para identificar os países que exercem poder e influência por meio de ações culturais, ambientais, acadêmicas, educacionais, humanitárias e filantrópicas, além de promoverem o terceiro setor e os institutos de pesquisa independentes.
O ranking foi feito a partir de indicadores como PIB versus ajuda externa; missões culturais promovidas pelo país; número de think-tanks e ONGs; tratados ambientais dos quais participa; índice de criminalidade; quantidade de medalhas olímpicas; artigos publicados na imprensa acadêmica; índice de competitividade; locais considerados patrimônio cultural da humanidade pela Unesco; número de turistas e de correspondentes estrangeiros no país e; demanda por patentes.
Ou seja, trata-se de uma salada russa de indicadores. Infelizmente, o ranking não leva em conta as conquistas da Copa do Mundo e da Fórmula 1, eventos de impacto planetário que poderiam favorecer o Brasil, assim como as conquistas internacionais no rugby poderiam favorecer a Nova Zelândia.
Apesar de misturar coisas diferentes, o ranking da Monocle é interessante e apresenta uma receita que, se seguida pelo Brasil, poderia ajudá-lo a se transformar numa potência em termos de soft power. Os países que se destacam são aqueles que vendem cultura entre outros fatores geradores de emprego e renda em grande escala.
O Brasil deveria perseguir a meta de ser um dos dez mais do ranking mundial. Imaginem se os nossos índices de violência diminuíssem e o número de turistas aumentasse, exponencialmente? Ou se a presença de nossos pesquisadores aumentasse em revistas acadêmicas internacionais, indicando maior produção de ciência? Ser uma potência do soft power não é relevante apenas para a política externa; é relevante também para o aumento do nível de cidadania.
O Brasil tem uma vocação natural para ser um dos dez mais do soft power. Ser uma potência no soft-power traz muitas vantagens e reforça a nossa política de não alinhamento automático às grandes potências e a nossa influência no G-20, além de tornar mais consequente o diálogo Sul-Sul. Dentre os países do BRICs, o Brasil aparece em segundo lugar. Perdemos para a China. Na América do Sul, estamos em primeiro lugar, com o Chile logo atrás.
Curiosamente, o líder do ranking são os Estados Unidos, a maior potência bélica do planeta, o que indica que sua hegemonia combina tanto a força das armas quanto a sedução do soft power. Porém, esta é uma combinação de custo elevado, já que toda a simpatia gerada termina sendo parcialmente consumida por conta dos episódios militares que envolvem o país.
Sem descuidar da segurança e dos investimentos em defesa, o Brasil deveria se dedicar seriamente a perseguir o objetivo de ser um potência do soft power. Para tanto, devemos examinar atentamente a metodologia da Monocle e buscar entender qual o lugar do Brasil no imaginário do mundo, a partir de uma ampla pesquisa qualitativa e quantitativa nas várias regiões do planeta.
Entendendo a dinâmica do ranking e tendo em mãos essa pesquisa, é possível estabelecer um caminho seguro que nos coloque em uma situação privilegiada em pouco tempo. O melhor de tudo é que ser soft power é altamente lucrativo.