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Eleitor que deseja mudanças possui perfil distinto aos de Dilma, por Murillo de Aragão

A maioria dos eleitores que hoje declara voto na presidente Dilma Rousseff (PT) possui baixo grau de instrução. Segundo a mais recente pesquisa Ibope, 48% do eleitorado de Dilma possui até a 4a série do ensino fundamental. Vale registrar que não é possível fazer uma distinção de sexo e idade do eleitorado dilmista, pois os percentuais dentro desses segmentos são muito próximos.
 
A maior parcela dos que declaram voto em Dilma reside na Região Nordeste (55%), mora em cidade do interior (45%) com número de habitantes que varia até 20 mil (51%) e também mais de 20 a 100 mil (49%). Considerando a renda dos entrevistados, parte significativa dos que declaram voto na presidente ganha até um salário mínimo (54%).
 
Já os entrevistados que preferem o senador Aécio Neves (PSDB-MG) são majoritariamente homens (17%), com idade de 35 a 44 anos (15%) e também de 45 a 54 anos (17%). A maior parcela do eleitorado aecista possui ensino superior (22%) e mora nas regiões Sudeste (19%) e Sul (18%). Entre esses eleitores não é possível distinguir se eles moram na capital ou no interior e nem o ponto do município, em função da proximidade dos percentuais. Considerando a variável renda, a maior parte dos eleitores de Aécio possui rendimentos acima de cinco salários mínimos (24%).
 
Em relação ao governador Eduardo Campos (PSB-PE) não é possível distinguir as variáveis sexo e idade entre seus potenciais eleitores por conta da proximidade entre os percentuais. Quanto à escolaridade, Eduardo é o preferido entre os entrevistados de 5a a 8a série do ensino fundamental (9%) e também entre os eleitores com ensino superior (10%). A maior parte do eleitorado de Eduardo Campos está localizado no Nordeste (13%), nas capitais (9%) e em municípios com porte de 20 a 100 mil habitantes (8%) e também com mais de 100 mil habitantes (7%). Considerando a variável renda, o voto em Eduardo situa-se entre os eleitores com renda de um a dois salários mínimos (9%) e mais de cinco salários (10%).
 
Também é importante conhecermos o perfil do eleitor da ex-senadora Marina Silva (PSB). Vale destacar que não é possível distinguir a variável sexo. Considerando a idade, os marineiros têm entre 16 e 24 anos (15%) e entre 25 e 34 anos (14%). A intenção de voto em Marina é maior entre os eleitores com ensino superior (19%). Vale destacar que não é possível apontar a região onde o voto em Marina é mais forte em função da proximidade entre os percentuais, assim como ocorre com a variável renda. Entretanto, o eleitor de Marina está preponderantemente nas capitais (16%) e em municípios com mais de 100 mil habitantes (14%).
 
De acordo com a pesquisa, não é possível ainda precisar entre o eleitorado que deseja mudanças (64%, segundo o Ibope) um claro perfil de sexo e idade. No entanto, verifica-se que 73% dos entrevistados com ensino superior desejam algum tipo de mudança. Esse eleitor está localizado, em sua maioria, na Região Sudeste (70% dos eleitores dessa região almejam algum tipo de mudança do próximo presidente) e em municípios com porte acima de 100 mil habitantes (67%). Considerando a variável renda, o sentimento mudancista é maior entre os entrevistados com rendimento acima de cinco salários mínimos (70%).
 
Em que pese a vantagem desfrutada no cenário atual pela presidente Dilma Rousseff, o desejo de mudança é um fator que desafia a sua reeleição. Mesmo que parte dos eleitores que desejam mudanças ainda prefira mudar com Dilma, paradoxo que justifica sua liderança nas pesquisas, o perfil do eleitor mudancista possui características que vão na direção oposta à do eleitor dilmista.
 
Por exemplo, 70% dos entrevistados que desejam mudanças moram no Sudeste, região em que Dilma Rousseff possui seu pior desempenho (36%). O eleitor mudancista localiza-se em municípios com porte acima de 100 mil habitantes (67%), justamente onde a presidente também tem seu pior desempenho nas intenções de voto (37%). Os entrevistados que desejam mudanças possuem, preponderantemente, renda acima de cinco salários mínimos (70%), segmento em que Dilma possui apenas 32% das preferências.
 
Assim, considerando o cenário atual, o eleitor que deseja mudanças pode se sentir mais atraído por Aécio Neves ou Eduardo Campos do que por Dilma Rousseff. No entanto, como a eleição ainda não entrou na agenda da grande maioria da população, parte importante dos que desejam mudanças ainda prefere mudar com Dilma ou está indecisa, o que ajuda a explicar a estabilidade das intenções de voto dos três principais candidatos a presidente.