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Eleitor esqueceu denúncias de corrupção

Murillo de Aragão

Na semana passada foi divulgada pesquisa CNI/Ibope sobre intenção de voto para Presidente da República.

A pesquisa foi muito melhor para Lula do que para Geraldo Alckmin (PSDB), sem dúvida alguma.

Confirmando as pesquisas anteriores, Lula seria reeleito ainda no primeiro turno. Além disso, Lula aumentou a vantagem que tinha em relação a Alckmin em um eventual segundo turno. Lula teria 53% das intenções de voto e Alckmin, 29%. Em março, estes percentuais eram de 49% e 31%, respectivamente.

Também melhoraram a avaliação pessoal do presidente (a aprovação do governo Lula, que passou de 55% em março para 60% em junho) e a do seu governo (O percentual dos que avaliam o governo como ótimo ou bom aumentou de 38% em março para 44% em junho). Por fim, a rejeição de Alckmin superou a de Lula (34% a 28%).

Porém, o Ibope pediu aos eleitores que citassem notícias sobre o governo Lula das quais ouviram falar nas últimas semanas. Nada menos que 70% dos entrevistados não lembraram de nada. Entre os 16% que se recordaram de alguma, citaram denúncias de corrupção. Em dezembro do ano passado, portanto no auge da crise, este percentual era de 40%.

De certa forma, este dado pode ser considerado positivo para Alckmin. Além de outros fatores, Lula pode estar sendo beneficiado pelo esquecimento da população sobre os escândalos de corrupção que aconteceram no governo.

Seria muito ruim para Alckmin se, mesmo lembrando das denúncias, Lula tivesse um alto desempenho nas pesquisas.

Mesmo sabendo que sua campanha não pode ficar restrita a atacar Lula, este é um aspecto que não pode ser desconsiderado pelo PSDB, conforme defendem alguns membros do partido.

O PFL foi nesta direção. Na semana passada, em seu programa de rádio e TV, durante 11 minutos, fez um flashback das denúncias de corrupção no governo, ligando-as ao presidente Lula.

O difícil desta estratégia é estabelecer o limite da pancadaria, que pode ter o efeito contrário.