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Eleição presidencial praticamente decidida

Murillo de Aragão


 


Restam apenas seis dias para a eleição presidencial. Somente o surgimento de fato novo gravíssimo poderia tirar a vitória do presidente Lula.


 


De acordo com última pesquisa Ibope (18 e 19/10), a vantagem de Lula sobre Alckmin aumentou de 12 pontos para 21 em relação a pesquisa anterior (12/10). Lula subiu de 52% para 57% das intenções de voto, enquanto Geraldo Alckmin caiu de 40% para 36 %.


 


Mesmo com seu fantástico desempenho, Lula abusou do direito de cometer erros. Em setembro, sem necessidade, resolveu esquentar a campanha. Fez comparações ridículas da oposição com ditadores e facínoras. Fugiu do debate da TV Globo, no primeiro turno, após se comprometer em participar.


 


A lista prossegue. Teria dito que gostaria de fechar o Congresso para fazer as reformas necessárias ao país. Tirou fotos com muitos meliantes da política nacional. Para completar a lista de erros: o escândalo do Dossiê Cuiabá e o péssimo desempenho no debate inaugural do segundo turno na Rede Bandeirantes.


 


Apesar de sair-se muito mal no debate da Rede Bandeirantes, seu eleitorado não se importou. No debate do SBT, saiu-se melhor frente a um Geraldo menos agressivo. Estratégia incompreensível para quem estava perdendo muitos votos.


 


Após as derrapadas iniciais, Lula conseguiu fazer uma campanha mais consistente, controlou a pauta de discussão e encurralou Geraldo Alckmin com o debate das privatizações.


 


Melhorando seu desempenho, colocou-se em uma posição privilegiada para  ser reeleito. Lula deverá confirmar a tendência de que o líder no início da propaganda eleitoral é o vencedor da disputa. É o seu caso.


 


Apesar de a mídia impressa ter sido muito agressiva contra os desvios morais do governo, seu impacto junto à população é mínimo. A maioria esmagadora dos brasileiros não lê. Aqueles que lêem, em sua maioria, têm acesso não regular a jornais e revistas. Assim, apenas quando o JN resolveu engrossar, Lula perdeu pontos. No mais, foi um passeio.


 


A oposição, pelo seu lado, nunca conseguiu encaixar um golpe forte na candidatura de Lula. Dependeram dos erros de Lula e dos vazamentos de fragmentos de informações comprometedoras. Não construíram um discurso eficaz. Lula, pelo seu lado, foi inteligente em colar a questão do fim do programa Bolsa família e da privatização da Petrobrás em Geraldo.


 

Agora, no último minuto, a oposição tenta usar as duas últimas novidades (a denúncia da revista Veja sobre o filho do presidente e a informação de que o secretário particular de Lula teria conversado com os envolvidos do dossiê Cuiabá) para enfraquecer Lula. São temas muito sérios e devem dar dores de cabeça, mas insuficientes para evitar a reeleição do presidente.