Eleição e mineração
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Eleição e mineração

Ditado das Minas Gerais: eleição e mineração, só depois da apuração. Ainda mais uma eleição como essa, cheia de intensidades, de novas polaridades e de conflitos entre o sistema político e os ventos da renovação. Tudo em um ambiente praticamente incontrolável nas redes sociais. Esse texto chegará às bancas e à internet antes das eleições. E qualquer prognóstico seria mero exercício de futurologia. Mesmo assim, dias antes do pleito, algumas certezas podem ser observadas.

A primeira delas é que a pré-campanha foi essencial para o resultado da campanha. Tanto Jair Bolsonaro (PSL) quanto Fernando Haddad (PT) chegaram à reta final da disputa pela Presidência do Brasil com favoritismo por conta de suas narrativas no período pré-eleitoral. A campanha, de certa forma, só reforçou o quadro preexistente. Fatores como o uso intensivo das redes sociais foram decisivos na pré-campanha. Quem não soube usar tal recurso, deve ficar de fora.

A segunda certeza é a de que duas narrativas postas em campo no ano passado continuaram prevalentes em 2018: a tradicional, composta por setores da esquerda com apoio dos nostálgicos da era Lula e ampliada pelo discurso de vitimização promovido pelo ex-presidente, arrebatou votos; a outra narrativa, a de Bolsonaro, na linha do “contra tudo o que está por aí”, igualmente arrebatou votos.

A cinco dias do primeiro turno, quando escrevo essas linhas, a tendência é que a escolha do presidente fique para o segundo turno. E que, muito provavelmente, os oponentes sejam Bolsonaro e Haddad. Apenas uma reviravolta surpreendente mudaria tal cenário. A quase certeza sobre o nome dos dois candidatos que estarão no segundo turno — antes mesmo da realização do primeiro — movimenta os principais candidatos.

Haddad esconde o trágico legado da era Dilma e os problemas de seu partido com a Lava Jato enviando mensagens de confiança para os agentes econômicos. Bolsonaro obteve o apoio expresso do bispo Edir Macedo e deve ficar com a maioria dos votos nos diversos segmentos evangélicos. O PRB, que integra a coligação do PSDB, deve se aliar a Bolsonaro no segundo turno, assim como cerca de 140 deputados que integram algumas bancadas do Congresso.

Por mais que existam indícios de apoio e de rejeição, um prognóstico sobre quem vai ganhar as eleições presidenciais é prematuro. Até mesmo pelo fato de que a polarização reinante pode provocar um fluxo assombroso de verdades e fake news com imenso potencial desestabilizador. Esperemos a apuração.