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Eleição 2010: é apenas o começo

O processo sucessório de 2010 já acumula um respeitável acervo de incidentes e surpresas. O rol é impressionante.

A primeira delas, lá atrás, tirou da fila os “candidatos naturais” do PT. Considerado por muitos o sucessor de Lula, José Dirceu foi atingido em cheio pelo escândalo do mensalão. Logo depois, o episódio do caseiro Francenildo dos Santos alvejou Antonio Palocci, até então favorito para ser o candidato de Lula.

Em 2008, explode a maior crise financeira da história e agrega mais incertezas. Adiante, as sensações de crise – que prometia abalar o capitalismo – foram substituídas pela confiança de que o Brasil embarcaria em um ciclo de crescimento econômico vertiginoso. Em 2009, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou que estava se tratando de um câncer. Recuperada, Dilma foi liberada para a campanha. Muitos previam que sua recuperação seria difícil. Não foi o que ela demonstrou.

No Congresso, Dilma era considerada por muitos uma candidata “mala sem alça”, com poucas chances de crescer nas pesquisas. Contra o prognóstico de muitos políticos e o diagnóstico de alguns médicos, Dilma encerra o ano – na melhor das avaliações de sua trajetória – com 23% das intenções de voto na pesquisa do Datafolha (realizada entre os dias 14 e 18/12). Em meados de 2009, Marina Silva surge do nada. Sai do PT e se filia ao PV para ser candidata presidencial. A candidatura da senadora foi considerada, por alguns, a novidade que poderia quebrar a polarização PT-PSDB. Heloísa Helena, opção natural do PSOL, decide concorrer ao Senado e manifesta seu apoio a Marina. Mesmo assim, a candidata do PV ainda não empolgou o eleitorado.

Ciro Gomes, pouco antes do prazo final de mudança de domicílio eleitoral e estimulado pelo presidente Lula, mudou seu título de eleitor do Ceará para São Paulo. Considerava ser candidato ao governo paulista. A estratégia não surtiu, pelo menos por hora, o efeito esperado. Segundo o Datafolha, o ex-governador do Estado Geraldo Alckmin venceria no primeiro turno.

Na esfera oposicionista, o mensalão candango abalou a aliança PSDB-DEM e respingou no PMDB. Em especial, com a denúncia de que o esquema de Arruda teria derivado dinheiro para alguns próceres do partido. Como consequência, o presidente Lula afirmou que o PMDB deveria apresentar uma lista tríplice de nomes para que o PT escolhesse o vice. Isso gerou uma crise de relacionamento entre as duas legendas.

Depois do mensalão candango e da crise entre o PT e o PMDB, a surpresa foi a prematura renúncia de Aécio Neves à sua pré-candidatura. Magoado com o PSDB, ele abriu mão da disputa presidencial e ainda mostrou o ressentimento mineiro com a hegemonia paulista no seu partido.

Ainda no lado da oposição, o desempenho de José Serra – liderando a corrida sucessória com 37% da preferência dos eleitores – parece ser um paradoxo já que disputará contra a candidata do presidente mais popular da história do Brasil. O governador paulista permanece estável, mas vê pelo retrovisor a aproximação de Dilma.

Faltando dez meses para as eleições, ainda existe espaço para novas surpresas. Algumas pistas podem ser dadas. Quem será o vice de Dilma? O PSDB terá uma chapa pura com Serra e Aécio? Quem será o candidato a vice de Serra se o casamento com o DEM for oficializado? Ciro Gomes é candidato ao governo de São Paulo, a vice de Dilma ou ao Planalto? O PMDB diz ter três opções: apoiar Dilma, apoiar Serra ou ter candidato próprio. Que caminho de fato o partido vai seguir? São perguntas que trazem reflexões e pontuam incertezas importantes que terão impacto direto na disputa presidencial.