Ibope: governo é desaprovado em oito das nove áreas de atuação
3 de outubro de 2013
Marina e Campos tumultuam cena eleitoral
8 de outubro de 2013
Exibir tudo

Efeitos nos palanques

Vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha, fala sobre aliança entre Marina e Campos para o Correio Braziliense
 
A filiação de Marina Silva ao PSB pode representar uma importante fonte de votos para candidatos de oposição do governo petista. A aliança da ex-senadora ao partido de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, pode ajudar a alavancar candidaturas próprias da legenda em estados onde a sigla não tem forte penetração. Pelos termos acertados com Campos, no entanto, Marina e os sonháticos estariam livres para se ausentarem dos debates quando os nomes do PSB não agradarem, segundo membros da Rede.
 
Especialistas ressaltam que a estratégia da dupla é voltada para a conquista do governo federal, relegando ao segundo plano possíveis atritos regionais entre Marina e o PSB.
 
"Em termos de eleição presidencial, ambos ganham muito com a aliança. A análise regional é mais complexa, muita coisa pode acontecer", defende Rui Tavares Maluf, cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. "O foco de Eduardo Campos está no plano nacional, o resto é consequência", concorda Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice. Noronha cita o exemplo do Rio de Janeiro, com uma possível candidatura do deputado federal Miro Teixeira, recém-filiado ao Pros. No estado, onde Marina teve expressiva votação em 2010, o desgastado governo de Sérgio Cabral (PMDB) enfrenta insatisfação popular crescente.
 
Assim, a possível candidatura de Miro, um dos apoiadores de peso da Rede, pode ganhar força e garantir a aliança entre a legenda recém-criada e o PSB. Teixeira concorre com o também deputado federal Romário, alçado por Campos recentemente à presidência estadual do partido. "A força de Marina pode ser vista em grandes centros urbanos, pela insatisfação da população", opina Noronha.
 
O que fica claro é que os dois se uniram para diminuir a força do governo. Segundo Noronha, o partido pode até ter alianças com o PT em alguns estados, mas provavelmente será o menor número da história. "Em 27 estados, já não vai haver aliança em 21 deles." Antes de se retirar do governo federal, havia quase 20 alianças entre os partidos. Por isso, Maluf acredita que a provável liberdade concedida por Campos a Marina foi uma grande sacada, mesmo que possibilite à ex-senadora se posicionar contra candidatos do PSB.
 
Isso pode acontecer em Goiás e Santa Catarina. No estado goiano, se o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) sair para governador e o PSB quiser apoiá-lo, Marina não fará campanha. "Se o (Jorge) Bornhausen for candidato, ela pode até fazer campanha contra. é como se ela fosse um partido independente, dentro do PSB. Mas não houve tempo para esse debate, pois ninguém esperava por essa filiação", diz um membro da direção nacional provisória da Rede.