Na semana passada, as cúpulas de PSB e PPS anunciaram que vão se fundir com a intenção de dar origem a um partido de esquerda. Embora os dirigentes afirmem haver muitas afinidades entre as legendas, há divergências que podem inviabilizar a união. O PPS tem um comportamento contundente de oposição ao governo federal. Já o PSB se declara independente, mas tem núcleos que defendem maior proximidade com o Palácio do Planalto. Além disso, as bases socialistas rejeitam majoritariamente as alianças mantidas pelo PPS com o PSDB e o DEM. Uma situação que contrapõe as visões dos dois partidos é a tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Enquanto o PSB é contra, o PPS defende a ideia abertamente.
Se a fusão prosperar, a nova sigla nascerá com quatro governadores, sete senadores, 45 deputados federais, 92 deputados estaduais, quatro governadores, 588 prefeitos e 5.831 vereadores. Porém, como todo novo partido, pode crescer ainda mais com novas adesões. Mas isso depende de o Congresso derrubar o veto presidencial a dispositivo que possibilita a transferência de detentores de mandatos eletivos de outros partidos dentro dos 30 dias que se seguem ao registro do novo partido sem incorrer em infidelidade partidária e perda do mandato.
Outras fusões partidárias podem ocorrer, mas o cenário é indefinido. É o caso da união entre PTB e DEM, que subiu no telhado. Os presidentes fecharam o acordo, mas a bancada petebista rejeita a fusão com o DEM. Dessa forma, o desenrolar do processo é incerto.
O ministro das Cidades e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, é o mentor de outra jogada. Ele protocolou registro de recriação do Partido Liberal (PL) para fundi-lo ao PSD após sua validação. Como solicitou o registro um dia antes da publicação da lei que proíbe fusões de partidos com menos de cinco anos de existência, Kassab espera poder unir as duas legendas.