Em 1o de janeiro de 2011, quando Dilma Rousseff tomou posse como presidente da República, o ex-presidente Lula elegeu como prioridade pessoal aumentar a própria projeção internacional. Sete meses depois de ter deixado a Presidência, ele já tinha feito 20 viagens ao exterior para palestras. Em tom de ironia, falava-se que ele teria chance de conquistar algo com que Fernando Henrique sempre sonhara, mas não conseguira: o prêmio Nobel da Paz.
No início do segundo mandato de Dilma, que começa muito tensionado, Lula se volta para a agenda interna. O PT e os partidos de esquerda aliados acreditam que está em curso uma estratégia da oposição e da “direita” para inviabilizar o governo da presidente.
A leitura é que a estagnação da economia resultou em queda de apoio popular do governo. O resultado da eleição presidencial, em que Dilma saiu vitoriosa por estreita margem de votos, deixa isso claro. Sabe-se que há necessidade de ajuste forte na economia e que, conforme as previsões mais otimistas, o crescimento do país em 2015 será de apenas 1,2%. As denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras desgastam mais ainda o governo e o PT. Esse desgaste não se dá apenas entre o eleitorado, mas também entre militantes e no meio político.
É aí que o PT acredita que o presidente Lula terá papel fundamental, no diálogo com movimentos sociais e com a militância do PT. Sua função será estimular a militância petista a não se calar diante dos ataques que o partido sofrerá quando os detalhes do escândalo da Petrobras se tornarem públicos, atingindo inclusive o meio político.
O PT também está muito preocupado com o diálogo do governo com o Congresso. Como 2015 tende a ser um ano política e economicamente difícil, manter o Congresso sob controle é essencial. A legenda quer o ex-presidente mais presente e um time fortalecido de interlocutores. Jaques Wagner e Ricardo Berzoini são tidos como peças-chave nesse processo. Aloizio Mercadante é considerado centralizador demais e de difícil diálogo. Lula tem papel importantíssimo na futura coordenação política.
Assim, a dependência de Dilma em relação ao ex-presidente tende a aumentar. Ele será uma ferramenta de estabilidade política sem a qual o governo da presidente enfrentará problemas gravíssimos.