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Crise na Bolívia pode causar guerra civil

O jornal O Globo de domingo adverte para o grave risco de grupo separatista boliviano reagir com violência à provável frustração de suas reivindicações na nova Constituição do país. Em defesa do presidente Evo Morales, Hugo Chaves (Venezuela) pode intervir, criando instabilidade na fronteira.


 


Trata-se de cenário que não se pode eliminar diante do fato de que a situação política da Bolívia torna-se cada vez mais dramática. No entanto, o fator mais preocupante de toda a crise vivida pelo país vizinho é o comportamento que o governo brasileiro irá adotar.


 


Na reportagem de O Globo ficou evidente que a organização do movimento separatista da região de Santa Cruz de la Sierra não é desprezível.


 


Historicamente, a Bolívia é dividida entre a planície rica, branca e detentora de grandes bacias de gás natural e o altiplano pobre, indígena e subdesenvolvido. Politicamente, a região da planície sempre exerceu o poder até a eleição de Morales em 2005. A região do altiplano, onde está localizada a capital La Paz, detém a maior parcela da população.


 


O movimento separatista da região chamada Media Luna, do qual fazem parte as províncias de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, existe há vários anos e luta pela autonomia da Nação Camba (nome dado pelos habitantes das províncias que reivindicam autonomia).


 


Com a eleição de Evo Morales, o movimento ganhou um grande apoio de empresários locais e de organizações estrangeiras que colaboram financeiramente desde que protegidos pelo anonimato. Uma alta capacidade de organização gerou uma milícia de 12 mil homens treinados, com capacidade de mobilização de até 400 mil civis.


 


Segundo acordo militar firmado entre Bolívia e Venezuela, o exército venezuelano poderá intervir na política doméstica boliviana, em caso de solicitação de Morales. Nessa hipótese, com a forte presença militar da Venezuela em um conflito doméstico em país vizinho, a posição do Brasil deverá ser a de mediador.


 


De acordo com o histórico diplomático brasileiro, e levando-se em conta a tendência negociadora do governo Lula já revelada diante de dificuldades anteriores com a Bolívia, dificilmente o Itamaraty escolherá apoiar um lado ou outro.


 


Oficialmente, o governo deverá optar por um discurso federalista, que significará defender a união da Bolívia como a melhor saída. No entanto, desde que o processo de nacionalização foi iniciado, o governo brasileiro não conseguiu gerar alternativas para o risco de paralisação no fornecimento de gás boliviano.


 


No caso da autonomia pretendida pelas nações que compõem a Media Luna, ou Nação Camba, a negociação brasileira pelo fornecimento de gás seria facilitada por meio de negociações com Santa Cruz do que com La Paz.


 


Por outro, sem outra renda, a Bolívia de Moralez iria fazer de tudo para manter o controle das reservas de gás. Para tal, contaria com armas e recursos da Venezuela.


 


Apesar da situação tensa e dos movimentos de lado a lado em se armar e treinar soldados e milicianos, existem desdobramentos políticos antes da eclosão de um conflito armado de cunho separatista. 


 


Qualquer iniciativa terá que aguardar os desdobramentos da luta política na Constituinte que deverá se estender até agosto. Nesta data, a nova Constituição será promulgada e se saberá se as exigências de autonomia serão atendidas por Morales.