A cúpula do PMDB ouviu um recado claro e duro de lideranças estaduais do partido. A primeira mensagem é a de que o PMDB é um partido de forças regionais que se equilibra na pluralidade e na autonomia de suas lideranças.
A segunda mensagem é a de que estados importantes, como Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Pará, não querem se sacrificar em favor de candidaturas do PT. A terceira mensagem é a de que, sem entendimento acerca desses estados (e de alguns outros), o PMDB pode preferir abandonar o projeto nacional com o PT.
Evidentemente, tudo deve ser relativizado e a tendência predominante é a manutenção da aliança entre PT e PMDB, mantendo-se Dilma e Michel Temer na chapa presidencial em 2014. Porém, aquilo que foi dado como líquido e certo dependerá de muita negociação e, principalmente, de mudança de expectativas nas relações entre o partido e o governo e, ainda, entre o partido e o PT.
Assim, o PT precisa estar atento a uma questão fundamental: o PMDB é uma legenda que extrai sua força dos estados e municípios. Assim, para contar com a estrutura peemedebista trabalhando em favor do governo, é essencial ter o apoio do PMDB no maior número de estados possível.
Mesmo que o tempo de TV e a dobradinha com Temer sejam extremamente importantes, o Planalto precisa ter o cuidado para que as insatisfações regionais no PMDB não cresçam, pois se os peemedebistas racharem nas seções estaduais haverá risco para o sucesso político-eleitoral da aliança PT-PMDB em torno de Dilma e Temer.
O primeiro problema a ser contornado é o fato de PMDB e governo terem uma relação instável e ruim, fruto de algumas distorções: os parlamentares não se sentem nem representados nem atendidos pelo governo. O segundo problema a ser contornado é o sentimento de que o PT é um partido hegemônico que quer controlar e ter primazia em tudo, em detrimento dos aliados.
Ambas as questões têm de ser enfrentadas por Dilma para que sua campanha flua melhor e não tenha um novo sobressalto. O primeiro foi o prematuro lançamento de Eduardo Campos (PSB) à sucessão presidencial. Os outros, mais importantes, estão no campo econômico, onde o país teima em não crescer.
Voltando ao ponto: o relacionamento do PMDB com Dilma e o PT terá de melhorar. Porém, considerando tanto a sensibilidade política do governo quanto sua competência, parece que o clima terá de piorar muito antes de melhorar significativamente.
Em que pese o clima de desconfiança existente entre PT e PMDB, a tendência, conforme já dito, é pela manutenção da aliança entre os dois partidos. Isso porque, apesar do relacionamento não ser dos melhores, não há no cenário atual para o PMDB algo mais vantajoso do que apoiar a reeleição da presidente Dilma — franca favorita na disputa de 2014.
Por outro lado, para o PT, dada à dependência que o Palácio do Planalto possui em relação ao PMDB no Congresso, não há nenhum aliado que ofereça a segurança que este partido garante no que diz respeito à governabilidade.
Percebendo a existência de problemas na bancada do PMDB, segundo maior partido da Câmara e principal aliado do PT na Casa, a tendência — segundo informações de bastidores — é que o Planalto evite, por ora, a votação de temas polêmicos para não provocar novos atritos que coloquem em risco a aliança.