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Comparando Serra e Alckmin com Lula

Murillo de Aragão

 

De acordo com o instituto Datafolha, a situação de Alckmin hoje é ligeiramente melhor que a de Serra

em maio de 2002 nas simulações de primeiro turno. Serra tinha 17% de intenção de voto. Na última

pesquisa do Datafolha (22 a 24 de maio), Alckmin aparecia com 21%. Lula tinha 43% em maio de 2002 e hoje tem 45%. Já nas simulações de segundo turno, a situação é bem parecida. Em maio, Lula vencia Serra de 54% a 36%. Hoje, vence Alckmin por 52% a 35%.

 

Outra semelhança é a relação do PSDB com o partido que indica o vice. Em 2002, o PMDB estava dividido entre apoiar Serra e Lula. Hoje, PSDB e PFL divergem sobre a estratégia de campanha. Sendo assim, o que é diferente e o que pode fazer com que Alckmin reverta a vantagem de Lula nos próximos quatro meses até as eleições?

 

Podemos apontar, pelo menos, quatro fatores. Em primeiro lugar, a distância do governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2002, a população estava cansada da gestão de oito anos do PSDB e aborrecida com  o baixo crescimento e com o apagão. Alckmin tem a vantagem de estar longe da administração de FHC e ter exemplos de seu próprio governo em São Paulo para exibir.

 

O segundo é o índice de rejeição de Alckmin que, conforme o Datafolha, é menor do que o de Serra. Em maio de 2002 a rejeição do ex-prefeito de São Paulo era de 23%. Hoje, a de Alckmin é de 14%. Em terceiro lugar, em 2002 Lula não tinha problemas de corrupção para explicar. Certamente a questão ética será um de seus principais problemas na eleição deste ano. Não se sabe qual o efeito que o recall do mensalão terá sobre o eleitorado. Este será um dos pontos que Alckmin irá explorar contra Lula.

 

O quarto ponto é a questão da propaganda eleitoral gratuita do PSDB e PMDB que , em 2002, ficou diluída entre março, maio e junho. Neste ano, haverá uma forte exposição de PSDB e PFL em junho.  Tal aspecto pode ser positivo para Alckmin alavancar seu discreto desempenho. O PSDB terá direito a 5 minutos de inserções nacionais nos dias 8, 13, 20, 27 e 29 de junho, o que totaliza 25 minutos. No dia 22, o partido terá um programa nacional de 20 minutos. O PFL, aliado do PSDB na disputa sucessória, terá direito a 20 minutos em um programa nacional (15/06) e mais 20 minutos nos Estados (19/06). Ou seja, ao todo, serão 85 minutos de propaganda no rádio e na TV para alavancar Geraldo Alckmin em horário nobre.

 

Vale lembrar que Ciro Gomes conseguiu decolar em 2002 usando o tempo da propaganda partidária do PPS e do PTB em junho de 2002. Ainda que isto não signifique necessariamente um salto extraordinário nas pesquisas de intenção de voto (mesmo porque as atenções dos eleitores e da mídia em geral estarão preferencialmente voltadas para a Copa do Mundo), será uma oportunidade importante para ele tornar-se mais conhecido nacionalmente. Aliás, um dos seus principais desafios.

 

Mesmo tendo alguns pontos positivos em relação a Serra em 2002, a tarefa de Alckmin continua muito difícil. Ele concorre com um presidente ainda muito popular, com um piso de 35% do eleitorado e no exercício do mandato. Além disso, é prejudicado pelos atritos entre PSDB e PFL e, principalmente, por não estar fazendo uma boa pré-campanha.