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Como funciona em Brasília


No Brasil, ninguém faz nada por amor na política. Tudo tem seu preço. É como entrar em um táxi. Depois que baixa a bandeira, tem que pagar. O governo sabe que precisa aprovar a CPMF e a DRU em 2007. Sem ambas, o caixa fica enfraquecido e a liberdade de gastar comprometida.


A DRU (Desvinculação das Receitas da União) é uma espécie de zona liberada dentro do Orçamento da União que não está submetida ao gasto obrigatório (pela Constituição) com saúde e educação.  Ou seja, com a DRU, o governo pode tirar dinheiro das escolas e colocar no bolsa-família e, ainda, pagar juros.


 


O governo sabe, ainda, que sua base política é muito gulosa. Mesmo saciada, é perigosamente instável. Pode, de uma hora para a outra, fazer chantagem com o governo no último minuto de alguma votação importante. Aconteceu n vezes.


 


O seguro para evitar uma derrota é ter o apoio de parte da oposição e dar um cunho institucional, de interesse público e patriotismo às negociações.


 


Porém, as oposições no Congresso estão muito machucadas pela dinâmica da campanha. Daí a necessidade de  cooptar governadores que têm votos no Congresso paa contornar o problema. Em especial, os oposicionistas de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, cujas bancadas são as mais gordinhas. Foi assim em 2003 na aprovação da Reforma da Previdência Social. 


 


Porém, para cooptar governadores o governo tem que dar alguma coisa em troca. Lembrem-se, no Brasil ninguém faz nada por amor na política. A cenoura que Lula está usando é a renegociação do acordo da dívida dos estados com a União. Reduzindo o desencaixe de grana, os governadores têm mais recursos para gastar com seus projetos.


 


Inteligentemente, Lula oferece a renegociação do acordo da dívida. O que vai querer em troca? A renovação da DRU e da CPMF. No final, quem paga a conta somos nós mesmo.   Falta combinar com os parlamentares que vão querer levar algum. Uma nomeação, uma liberação de verba…