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Campanha não aquece e Lula se distancia


Murillo de Aragão


Foi divulgada, neste domingo, nova pesquisa Ibope sobre intenção de voto para presidente da República. A pesquisa foi realizada entre os dias 23 e 25/08. O presidente Lula subiu de 47% para 49%.



Com isso, a vantagem de Lula, que era de 11 pontos percentuais há 9 dias agora é de 15%. Enquanto Lula tem 49%, seus oponentes totalizam 34%. Caso a vantagem seja mantida, Lula venceria com folga no primeiro turno.



De uma forma geral, a pesquisa confirma três aspectos negativos para Geraldo Alckmin.



O primeiro é que a propaganda eleitoral, onde ele mais apostava para reverter a vantagem de Lula, não lhe trouxe resultados positivos. O segundo é que ele está estagnado na disputa, com crescimentos inexpressivos, apenas dentro da margem de erro das pesquisas. Terceiro, com a queda da senadora Heloisa Helena, sua missão de levar a disputa para o segundo turno fica ainda mais complicada.



A partir deste cenário, é possível que a estratégia de campanha de Alckmin seja alterada e adote um tom mais agressivo. Porém, embora isto possa lhe render algum benefício, dificilmente terá condições de reverter profundamente o quadro. Resta pouco tempo.



O fato de Geraldo estar paralisado nas pesquisas enfraquece seus apoios. Tasso Jereissati, dizem, teria abandonado a campanha presidencial para dedicar-se ao Ceará. Lá, Lúcio Alcântara passou a apoiar Lula. Amazonino Mendes, candidato do PFL do Amazonas, se recusa a fazer campanha para Alckmin. Cláudio Lembo afirmou que a campanha de Alckmin é autista e que ele não teria chances de vencer. FHC, na mesma linha, declarou que Lula está muito consolidado.



O programa eleitoral de Paulo Souto (PFL), aliado de Antônio Carlos Magalhães e que disputa à reeleição ao governo da Bahia, passou a adotar um tom menos agressivo em relação a Lula. Sem conseguir transmitir confiança, Geraldo Alckmin se apega a uma única mas importante boa notícia: o tracking eleitoral de seu comitê indica que ele já teria alcançado 30% na preferência eleitoral. Porém, as pesquisas ainda não captaram esta tendência.



De qualquer forma, enquanto os adversários de Lula patinam nos índices, a campanha do presidente podia estar melhor. O ambiente econômico deu uma ligeira piorada trazendo notícias negativas para a imprensa. Nada de extraordinário em termos eleitorais. Um discreto aumento da taxa de câmbio e do risco Brasil, bem como a perda de qualidade da política fiscal, não são temas para o grande eleitorado.



Lula mostrou impaciência com a imprensa. Ao ser indagado sobre os gastos de campanha e a mistura dos papeis de presidente e candidato, preferiu encerrar a entrevista. A irritação de Lula é um ponto fraco do presidente. Sem ter que se desgastar com a campanha, Lula se dedica a construir o seu segundo governo. Já negociou com o PMDB o apoio do partido em troca de oito ministérios e, agora, começa a pensar como poderia negocia com o PSDB uma agenda nacional.



Apesar do tom agressivo que emprega na campanha presidencial em relação aos seus adversários (em especial no caso de Geraldo Alckmin), o presidente Lula tenta manter uma porta aberta com setores do PSDB, como Aécio Neves e José Serra. Ele passou a falar em um pacto de conciliação política. O presidente, que já considera sua reeleição como certa, embora não saiba se no primeiro ou no segundo turno, está preocupado com a excessiva dependência de seu governo do PMDB.