Denúncia contra o ministro Sepúlveda Pertence
12 de janeiro de 2007
Olhar cúmplice e generoso
14 de janeiro de 2007
Exibir tudo

Brasil ainda tem cacife para liderar no Mercosul

Veja matéria da colunista Sonia Racy (sexta-feira, O Estado de São Paulo) com as minhas opiniões sobre o Merosul.  


Espera-se que a reunião do Mercosul, marcada para dia 19, sinalize os próximos passos na composição do equilíbrio político sul-americano. Lula, cada vez mais isolado na região, tende a flexibilizar sua posição? Segundo o analista político Murilo Aragão, muito pouco. Acha que, embora parte do governo flerte com o ideário chavista-bolivariano e com a aproximação do Brasil da chamada ‘corrente do mal-estar'( Hugo Chávez, Evo Morales, Néstor Kirchner e Rafael Correa), a tendência ainda é de se respeitar uma agenda que é, acima de tudo, brasileira e do Mercosul, embora com concessões. ‘Há muito espaço para que uma eventual aproximação retórica respeite um viés pragmático na construção da Comunidade Sul-americana de Nações’, pondera Aragão.

É certo que no setor energético – essencial para o projeto de desenvolvimento do Cone Sul e de integração da América do Sul -, a expansão da influência chavista deve modificar as forças . ‘Mas o peso da economia brasileira deve assegurar poder de barganha para que o Brasil se contraponha à influência venezuelana.’

No ver de Aragão, embora Chávez já se tenha manifestado favorável a uma profunda modificação do projeto de integração regional, incorporando o elemento ideológico de seu projeto pessoal/nacional de poder, tem prevalecido no Brasil e no subcontinente a percepção de que a integração regional deve pautar-se por interesses concretos e pragmatismo político. ‘Não há sinais suficientemente fortes de mudanças no curto prazo.’

A ênfase no eixo Caracas-La Paz-Quito origina-se, antes, da excepcionalidade do movimento, de seu significado na área energética e de sua manifesta intenção de participar do Mercosul, analisa Aragão. ‘A Venezuela já é membro efetivo do bloco; Bolívia e Equador devem formalizar o pedido de adesão na Cúpula do Mercosul, semana que vem. E, embora seja razoável incluir o Equador sob a influência venezuelana, a posição argentina é bastante mais complexa.’

Aragão não culpa a tendência histórica das relações Brasil-Argentina pelo atual desconforto. Acha que pelo menos parte do distanciamento entre os dois países deve-se à necessidade de Kirchner em afirmar-se autonomamente em relação ao Brasil, consolidando-se politicamente, levando em conta o pleito a se realizar este ano e a resistência argentina em aceitar abertamente a liderança brasileira no Cone Sul. ‘Tanto comercialmente quanto no que tange à integração regional, porém, as posições brasileira e argentina tendem a convergir no essencial.’