A análise da inflação brasileira evidencia o contraste do comportamento entre as cotações dos bens de consumo duráveis e os serviços. Contidos pela concorrência externa, num cenário de câmbio valorizado, os duráveis mostram seguidas deflações, impedindo uma alta mais forte dos índices de preços, que continuam a sofrer a forte pressão dos serviços, reflexo do bom momento do emprego e da renda e do peso da inflação passada sobre alguns itens (como aluguel). Outro ponto que chama a atenção é o nível elevado dos núcleos de inflação, que seguem próximos ou acima de 6,5%, o teto da meta perseguida pelo Banco Central. Isso preocupa porque os núcleos de inflação são uma medida que buscam excluir ou diminuir o peso dos itens mais voláteis, e ainda assim se mostram pressionados. Nos 12 meses até fevereiro, os duráveis (como automóveis e eletroeletrônicos) estão em queda de 2,2%, segundo o índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15). São produtos em que a presença do importado é forte, segurando os preços. Nem mesmo a alta do dólar nos últimos meses do ano passado – já revertida – provocou alguma pressão sobre as cotações desses bens. (Valor Econômico)