O Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio, pondo dólares à venda com o compromisso de recomprá-los em 2012. A intenção era aumentar o volume de moeda norte-americana em circulação, derrubando seu valor, e abastecer exportadores e importadores com linhas de crédito necessárias a seus negócios. Porém, ao término dos leilões, o BC havia recusado todas as propostas de compra. Para operadores do segmento, a autoridade monetária deu, mesmo de maneira velada, um forte sinal de que os investidores não estão livres "para operar para o lado que bem entenderem". Além disso, deixou a impressão de que há um limite extraoficial para a cotação, entre R$ 1,70 e R$ 1,90, apesar das negativas oficiais de que a equipe econômica tenha uma banda de flutuação em mente. Medida semelhante a essa havia sido adotada em abril de 2009, no auge da crise financeira após a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers. Naquele momento de extremo nervosismo em todo o mundo, as linhas de crédito externas desapareceram, afetando sobretudo as companhias que atuavam no comércio exterior. Naquela época, o BC vendeu dólares também com o compromisso de recomprá-los em 180 dias. Nos leilões de ontem, o prazo máximo foi de 60 dias. Na visão da economista Zeina Latif, os sinais de que o crédito está sumindo são claros. Para ela, com a iniciativa, o BC quis mais mostrar que não vai se omitir diante da situação do sistema do que efetivamente inundar o mercado com dólares. (Correio Braziliense)