Isto É
02/01/2017
O governo Temer não é um governo popular. Paradoxalmente, é, de longe, o governo mais popular no Congresso Nacional. O que explica tal dicotomia? O governo Temer surgiu durante o intenso debate sobre o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
E, mesmo que ela fosse dramaticamente impopular, ele não era popular. Além do mais, a fábula golpista “pegou” em certos setores da opinião pública. Enfim, a fórmula do sucesso no Congresso é simples. O governo Temer é um sistema semiparlamentarista que funciona com base no conhecido modelo de presidencialismo de coalizão.
Governo e Congresso são aliados pelo simples fato de que congressistas têm voz no atual regime. Dessa relação nasce a governabilidade em torno de uma agenda definida.
Tanto o alto clero do Congresso quanto a Presidência da República acordaram um ajuste fiscal para assentar as bases da retomada do crescimento na economia. Bem como avançar em temas relevantes. Reconhecimento da falência do modelo de populismo fiscal.
Já a impopularidade do governo decorre de uma mistura de sentimentos contaminados por um certo “udenismo” radical da classe média, dos ecos da Operação Lava-Jato e do ativismo judicial que emana do novo Direito Penal. Conta também a capacidade limitada de o governo se comunicar. E, obviamente, pela contaminação da política por práticas pouco republicanas.
Assim, o que é um paradoxo entre a popularidade e a impopularidade surge como uma oportunidade. O governo Temer poderá fazer o que governos populares não fizeram. Seja pelas bênçãos circunstanciais da impopularidade, seja pela falência do Estado pródigo.
Ao contrário do ex-presidente Lula, que ficou limitado por sua imensa popularidade, Michel Temer pode avançar em agendas necessárias que guardam total identidade com a dinâmica econômica que o povo deseja para o País. Basta explicar o que está sendo feito e porque está sendo feito.
Mesmo com a baixa popularidade, com um Congresso parco de lideranças expressivas e sob forte pressão da Lava-Jato, o governo está conseguindo implementar sua pauta de reformas. Pelo simples fato de que o País quer avançar.
Além da agenda fiscal (DRU e PEC dos Gastos), o Congresso segue reformando o setor elétrico, o ensino médio, a telefonia e as regras do pré-sal. Não é pouco. Em meio à confusão generalizada e à superexcitação provocada pelas decisões do judiciário, o Brasil avança. Paradoxalmente.