O PT realizou na semana passada o primeiro “ataque” contra o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). A atitude surpreendeu, já que em mais de uma oportunidade o ex-presidente Lula havia orientado o PT e também o governo a evitar atritos com Eduardo, com o objetivo de atrair novamente o PSB para o lado da presidente Dilma Rousseff (PT) num eventual segundo turno entre ela e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas eleições presidenciais deste ano.
O “ataque” foi realizado pelo PT em sua página no Facebook, através de um artigo intitulado “A balada de Eduardo Campos”, com duras críticas ao governador pernambucano. Nesse artigo, o PT chamou Eduardo de “playboy mimado”, “tolo” e “beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT”, que resolveu lançar candidatura própria “estimulado pelos cães de guarda da mídia”.
O artigo também credita o sucesso e a popularidade de Eduardo Campos em Pernambuco a programas lançados por Lula e Dilma, que, juntos, teriam investido mais de R$ 30 bilhões nos últimos anos no estado. E tece duras críticas a Marina Silva – provável vice na chapa de Eduardo –, que é chamada de “ovo da serpente” e sobre a qual é dito que “despreza a política fazendo o que de pior se faz em política: praticando o adesismo puro e simples”.
As fortes críticas evidenciam uma reação e também um descontentamento dos petistas com as negociações que estão sendo firmadas entre Eduardo e Aécio em vários estados. Pelo teor dos “ataques”, o PT mostra sobretudo que não irá poupar o representante do PSB durante a campanha eleitoral deste ano à Presidência.
Apesar de setores do Palácio do Planalto terem amenizado os ataques, o clima no PSB é de irritação. Logo após o artigo do PT, o deputado federal e vice-presidente nacional do PSB, Beto Albuquerque (RS), divulgou uma nota no site do partido afirmando que “fica evidente o desespero da direção do PT frente à decisão do PSB em ter candidato a presidente”. O PSB também considerou o ataque contra Eduardo Campos “covarde e despolitizado” e avaliou que o PT “perdeu completamente seu espírito republicano, abandonou seu norte político e transformou-se numa seita fundamentalista que ataca qualquer um”.
Eduardo Campos, por sua vez, optou por tentar se posicionar como “vítima”. Questionado sobre a nota do PT, classificou-a de “ataque covarde”.
A não ser que o PT disponha de dados de pesquisas internas que justifiquem a dura nota contra Eduardo Campos, ela não parece ter vindo em boa hora. Além da forte reação por parte do PSB, o partido de Eduardo promete, a partir de agora, fazer oposição ao governo Dilma. A nota poderá até mesmo aproximar ainda mais Eduardo Campos e Aécio Neves, embora eles sejam adversários por uma das vagas no possível segundo turno contra Dilma Rousseff.
Percebendo esses atritos entre partidos (PT e PSB) que até pouco tempo eram aliados históricos, o PSDB se movimenta a fim de aproximar-se do PSB. Logo após a “guerra” de notas entre petistas e socialistas, os tucanos divulgaram uma em seu site manifestando “solidariedade ao presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos, e à ex-senadora Marina Silva por mais essa flagrante demonstração de intolerância do PT em relação aos seus opositores”.
Mesmo que Aécio Neves e Eduardo Campos sejam adversários diretos por uma das vagas no segundo turno contra Dilma Rousseff, a eventual continuidade das divergências entre PT e PSB poderá acabar aproximando o PSB do PSDB, como já está ocorrendo em muitos estados.