O Banco Central (BC), que se reuniu na semana passada para decidir o novo nível da taxa básica de juros (Selic), tem argumentado que a inflação brasileira está longe do centro da meta de 4,5% por causa de um choque internacional nos preços das commodities. é verdade que esses produtos têm subido fortemente. Mas uma observação atenta dos indicadores de inflação do País nos últimos anos põe em xeque o argumento do BC. Em cinco dos últimos oito anos, uma medida do índice oficial de inflação do País (IPCA) que exclui o grupo alimentação (que mais sente os efeitos da alta global das commodities) subiu mais do que o indicador cheio. Em 2003, por exemplo, o IPCA total teve alta de 9,3%, ante 9,9% do índice que desconsidera a alimentação. Em 2009, os números foram de, respectivamente, 4,31% e 4,93%. Isso mostra que (1) a inflação no Brasil tem sido sistematicamente elevada mesmo sem computar os alimentos e (2) que o grupo alimentação chegou até a amortecer a inflação geral. Portanto, o IPCA se descolou bastante da meta nos últimos meses não só por causa do choque das commodities, mas também por outras razões, algumas estruturais e outras conjunturais. Informações jornal Estado de São Paulo.