A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, aumentou os poderes da Secretaria de Comunicação, transformando-a em uma "supersecretaria" com amplas atribuições sobre a distribuição de publicidade oficial, cujas verbas saltaram de US$ 108,7 milhões em 2008 para o recorde de US$ 162,3 milhões em 2009.
Em 2011, ano eleitoral, o organismo controlará um caixa de pelo menos US$ 324 milhões.
O salto é considerável, mais ainda se for levado em conta que, segundo dados da Fundação Poder Ciudadano, em 2003, quando Néstor Kirchner tornou-se presidente, o gasto em publicidade oficial era de US$ 11,5 milhões.
O orçamento total da secretaria este ano, considerando-se as atribuições e a verba transferidas de outros órgãos do governo, pode chegar a US$ 480 milhões.
O organismo, que havia ficado sem um secretário desde 2008, passa às mãos de Juan Manuel Abal Medina, descendente de uma histórica família de militantes e guerrilheiros da ala da esquerda do peronismo e homem de total confiança de Cristina.
Representantes do governo indicaram que neste ano "está em jogo o futuro do modelo", em referência à permanência – ou não – da administração Kirchner após as eleições presidenciais e parlamentares de outubro. Por este motivo, sustentam, é preciso centralizar a estratégia de comunicação.
O poder da secretaria, que administra os canais estatais de TV, além das estações de rádio pública e a agência estatal de notícias Télam, aumenta consideravelmente, já que por determinação de Cristina passa a controlar o programa Futebol para Todos, denominação da controvertida estatização da transmissão dos jogos de futebol, que envolve US$ 325 milhões de pagamento aos clubes de futebol argentinos. Este programa, até esta semana, era administrado pelo chefe do gabinete de ministros, Aníbal Fernández, que estaria a ponto de ser retirado do governo.
Brigada com o Grupo Clarín, o maior e mais influente meio de comunicação do país, Cristina Kirchner aposta no fortalecimento da publicidade oficial para fazer frente a uma possível postura crítica por parte da imprensa argentina.
Ao que tudo indica, caso seja reeleita, é possível que Cristina dê atenção especial a comunicação do governo para consolidar o poder do Kirchnerismo.