Menos de um mês depois de decidir pela substituição de Roger Agnelli por Murilo Ferreira em sua presidência por forte pressão do governo, a Vale anunciou ontem que participará como sócia do projeto de construção e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte – o maior projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e considerado prioritário pela presidente Dilma Rousseff. A mineradora entra no Consórcio Norte Energia no lugar da Gaia, pertencente ao grupo Bertin, que detinha 9% do negócio e se retirou do empreendimento em meados de fevereiro por dificuldades econômicas. A Vale pagará ao Bertin em torno de R$5 milhões por gastos iniciais feitos no projeto e capitalizará o consórcio Norte Energia com um valor entre US$400 milhões e US$500 milhões. Apesar de a troca no comando da Vale ter sido feita por influência política – Agnelli vinha desagradando ao governo Lula desde 2008, ao passo que Ferreira tem bom trânsito em Brasília – o diretor de Marketing, Vendas e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, disse que a decisão de participar do projeto no rio Xingu, no Pará, foi exclusivamente tomada pela companhia, para atender a seus objetivos de aumentar a geração própria de energia para seus projetos. O executivo garantiu que a decisão não sofreu qualquer influência do governo federal. (O Globo)