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Apagão é risco real, por Murillo de Aragão

Fontes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informam que o consumo de energia elétrica no Brasil está perigosamente perto do limite de sua capacidade. Os picos de consumo estão começando mais cedo, apesar do horário de verão, e durando muito mais. O calor é a causa, além do aumento no uso de eletrodomésticos. 
Na semana passada, falha no Sistema Interligado Nacional afetou o fornecimento de energia em diversos municípios nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o problema interrompeu o fluxo de 5 mil MW para essas regiões. 
Diante da falta de explicações convincentes por parte do governo para o episódio, a oposição passou a explorar politicamente o tema. O senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, classificou o apagão como resultado da "má gestão e da falta de investimentos no setor elétrico" por parte do governo Dilma. 
Vale destacar que Dilma Rousseff, que era secretária de Minas e Energia no Rio Grande do Sul nos tempos do apagão de 2002, sabe que um novo apagão em ano eleitoral poderia ter repercussões sérias no seu projeto de reeleição. A ocorrência de um apagão em grandes proporções teria potencial para gerar questionamento à sua imagem de gestora. Outro ponto relevante é que a então secretária Dilma foi muito eficiente para evitar um apagão energético no estado. 
Em função de sua destacada atuação em Minas e Energia no Rio Grande do Sul, Dilma participou da equipe que formulou o plano de governo de Luiz Inácio Lula da Silva para a área energética. Posteriormente, nesse mesmo ano, ela foi escolhida para ocupar o Ministério de Minas e Energia, onde permaneceu até 2005. 
Mais do que afetar a imagem da presidente numa área em que ela é especialista, a ocorrência de novos apagões criaria consequência negativa de percepção imediata por parte dos eleitores em face dos transtornos que causam (queima de equipamentos, perda de alimentos, problemas no trânsito, hospitais etc.). 
Para piorar, a gestão do setor vai mal. Existem usinas prontas e sendo pagas pelo governo que não fornecem energia por falta de linhas de transmissão. 
Em janeiro, o custo do megawatt atingiu o teto máximo permitido pela Aneel, e é o maior desde a mudança das regras de cálculo, em setembro passado. A possibilidade de aumento na conta de luz é grande. 
Imaginem o impacto político e eleitoral da combinação de aumento da conta de energia e ocorrência de apagão? Para evitar o reajuste, o governo terá de pagar uma conta alta. De acordo com informações veiculadas pela imprensa, dizem que a ajuda ao setor pode chegar a R$ 18 bilhões.