O IBGE revelou que a inflação medida pelo IPCA fechou 2011 com alta de 6,5%, no teto do intervalo de metas (com um centro de 4,5% e uma tolerância de mais ou menos 2 pontos porcentuais). Foi o oitavo ano consecutivo em que a inflação ficou dentro desse intervalo, mas foi o segundo ano seguido em que ela ficou mais próxima do limite superior do que do centro. Essa constatação suscita ao menos duas indagações: i) esse fenômeno se restringe ao Brasil ou foi algo observado em outros países nesse mesmo período?; e ii) há a possibilidade de voltarmos a ter uma inflação mais próxima do centro da meta em 2012? Com relação ao primeiro ponto, um levantamento feito junto aos 26 países que adotam explicitamente o sistema de metas de inflação mostra que, em 2010, sete países registraram inflação igual ou superior ao teto de suas metas, ao passo que em outros dez (Brasil inclusive) a inflação ficou acima do centro da meta. Já em 2011, doze países (Brasil inclusive) devem ter registrado inflação igual ou superior ao teto de suas metas, com outros dez fechando o ano com uma alta de preços acima dos centros de suas metas. Não cabe aqui discutir a meta em si de cada um desses países, mas sim avaliar a evolução da inflação efetiva, dada a meta. Esse levantamento mostra que a alta da inflação em 2010-2011 foi um fenômeno global, impulsionada por uma elevação bastante acentuada dos preços dos alimentos no fim do ano retrasado (por conta de choques de oferta em alguns países) e dos preços do petróleo na primeira metade de 2011 (em função da Primavera árabe). No Brasil, em particular, esses choques primários acabaram gerando efeitos secundários sobre os demais preços da economia, em meio a uma baixa ociosidade do mercado de trabalho. (Agência Estado)