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Aliança de Marina e Campos faz um estrago na cena pré-eleitoral, por Murillo de Aragão

Eduardo Campos à Presidência da República em 2014 tem amplo impacto na corrida eleitoral. Três efeitos são identificados de imediato em relação aos presidenciáveis: reforça Eduardo Campos como candidato, afeta o favoritismo de Dilma Rousseff (PT) e incomoda o provável candidato do PSDB, o senador Aécio Neves. No entanto, existem algumas questões importantes a considerar.
Após o não reconhecimento pelo TSE do partido Rede Sustentabilidade, legenda que Marina Silva tentava oficializar, pesquisas indicaram que as intenções de voto em Marina iriam mais para a reeleição de Dilma do que para Aécio e Eduardo. Qual será o real impacto da decisão de Marina no desempenho de Campos?
Em decorrência, devemos considerar o futuro candidato do PSB. Será que Marina realmente desistiu de concorrer à Presidência? Ou fez um acordo segundo o qual o desempenho de Eduardo Campos será avaliado daqui por diante? Evidentemente, caso a transferência de votos não funcione, o desempenho de Campos como candidato será avaliado. Nesse caso, Marina poderia ser candidata. Ou, pelo menos, ocupar o lugar de vice na chapa de Eduardo.
Seja como for, a dupla Marina-Eduardo vai fazer um estrago na cena pré-eleitoral, ainda que o favoritismo de Dilma continue valendo. De cara, a decisão afeta Aécio Neves, que, como candidato do PSDB, teria mais chance de chegar ao segundo turno do que os demais nomes oposicionistas.
A aliança entre dois ex-ministros do governo Lula (Marina foi ministra do Meio Ambiente, e Eduardo, ministro de Ciência e Tecnologia) tem potencial para quebrar, pela primeira vez desde 1994, a polarização existente entre PT x PSDB.
Além do vínculo com o lulismo, a chapa Eduardo Campos e Marina Silva representa a união entre o “novo” (Eduardo) com a representante que melhor capitalizou o sentimento “antipolítica” que brotou das ruas com os protestos de junho (Marina).
Porém, é importante mencionar que a dobradinha Eduardo e Marina tem desafios pela frente. Como, por exemplo, a busca por aliados que garantam um bom tempo de TV, assim como a construção de palanques estaduais competitivos para fazer frente às estruturas de PT e PSDB.
Para complicar, Marina leva uma lufada renovadora para um grupo que estava historicamente ligado ao PT, reforçando o distanciamento que Campos promovia da base governista.
A união entre Eduardo e Marina preocupa Aécio Neves e também o Palácio do Planalto, pois a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, deseja enfrentar o PSDB num eventual segundo turno.
No entanto, se Eduardo surpreender e chegar ao segundo turno, a estratégia petista de comparar os governos Lula e Dilma com a gestão FHC precisaria ser repensada. Mais do que isso, numa eventual disputa entre Dilma e Eduardo, o PSB teria potencial para atrair boa parte do eleitorado do PSDB.
Um dado importante a ser destacado é que, segundo a última pesquisa do Ibope, Marina tinha 16% das intenções de voto e Eduardo aparecia com 4%. Mesmo se não atrair 100% dos que declaram voto em Marina e obtiver 50% desses 16%, já seria o suficiente para Eduardo superar Aécio, que registrou 11% na última sondagem. Por enquanto, tudo são hipóteses, até porque não sabemos se, inicialmente, os votos de Marina Silva migrarão automaticamente para Eduardo Campos.