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Alckmin precisa de evento extraordinário para vencer

A seguir, entrevista concedida por mim ao jornalista Thiago Velloso do Broadcast (Agência Estado):


O cientista político Murilo de Aragão, da consultoria Arko Advice, afirmou há pouco que as perdas de intenção de votos experimentadas pela campanha do tucano Geraldo Alckmin, de acordo com as últimas pesquisas, só podem ser revertidas com um fato extraordinário, como o aparecimento do dossiê Vendoin, que forçou a realização do segundo turno. “Na conjuntura atual, é possível dizer que o presidente Lula não precisa fazer nada para vencer a eleição. Já o Alckmin parece precisar de munição nova para utilizar nos debates que ainda vão acontecer. Sem um fato extraordinário, a candidatura dele corre o risco de naufragar”, diz Aragão, ressaltando que a descoberta da origem do dinheiro usado para pagar pelo dossiê pode ser esse evento. “Sem dúvida, isso poderia levar a um quadro de reversão”, diz.


O cientista ressalta, no entanto, que a discrepância entre os números de pesquisas registradas, como a do Datafolha, divulgada ontem, e de sondagens internas das candidaturas, têm sido constantes, o que impossibilita a análise mais acurada dos votos porcentual real de votos detidos por Alckmin e Lula.


“Ontem, a sondagem do Alckmin deu uma diferença de apenas 4%, enquanto o Datafolha deu 19%. É bom lembrar que, no primeiro turno, o mesmo Datafolha apontava Alckmin com 35%, quando, na realidade, ele teve 41%”, lembra Aragão, para quem os institutos podem, mais uma vez, ser surpreendidos pela contagem oficial dos votos. “As pesquisas têm se mostrado voláteis e isso precisa ser levado em consideração.”


Aragão diz nunca ter visto uma campanha presidencial, “onde o subterrâneo” está tão ativo, o que sugere uma possível mudança dos ventos a qualquer momento. “Há uma quantidade imensa de boatos circulando por trás da campanha, o que também é um fator que precisa ser levado em conta, pois a concretização de alguns deles pode mudar o quadro”, analisa.



Por fim, para o cientista, a campanha de Lula acertou em cheio ao colocar a questão das privatizações e da redução do Bolsa-Família sob uma eventual gestão Alckmin. “O Lula foi muito inteligente ao colocar esses assuntos e o Alckmin errou ao entrar no debate. Até agora, é a campanha do PT que está pautando o debate”, concluiu.