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Alan Garcia, economicamente correto, politicamente confuso

Comparado com o seu governo entre 1985 e 1990, Alan Garcia melhorou em pelo menos 50%. Em 1985, quando assumiu o mandato, o presidente foi capaz de errar decisivamente em cada um de seus cinco anos enquanto esteve à frente da presidência do Peru.


A forma como tratou com o Sendero Luminoso, grupo revolucionário de orientação maoísta, bem como a forma domo conduziu a economia, levou-o a equívocos que permitiram a instalação dade um governo quase ditatorial como o de Alberto Fujimori (1990 2002).


O retorno de Garcia ao poder se deu de forma curiosa. A população estava sem alternativas, pois o segundo turno da eleição presidencial peruana, em 2006, colocou frente a frente Ollanta Humala, o ultra nacionalista radical de esquerda, defensor do socialismo bolivariano e apoiado por Hugo Chávez, e Alan Garcia, um homem marcado pelo insucesso do governo de 1985 a 1990.


No entanto, algumas supresas estão ocorrendo. Após os primeiros meses à frente do governo. A economia peruana, surpreendentemente, passou a crescee ao rítmo de a 10%. A herança que o antecessor de Garcia, Alejandro Toledo, deixou foi de um Tratado de Livre Comércio com os EUA e uma confiança razoável do mercado financeiro no país.


A dúvida pairava sobre a habilidade que Garcia teria em conduzir a economia de forma semelhante, dar andamento ao TLC e manter a credibilidade que o mercado externo tinha no Peru.


Era uma dúvida consistente, pois havia o exemplo de um governo anterior fracassado e um mpartido, o Partido Aprista Peruano, que começou sua vida na extrema esquerda e hoje está na centro-direita.


A economia segue bem. O espantoso crescimento de 10% em 2006 está sendo previsto também para 2007. Investimentos externos continuam chegando e, por isso, o presidente não deseja alterar o que está funcionando.


Politicamente, contudo, sua postura está confusa. Está priorizando apublicidade e, por isso, está superexposto, algo que começa a lhe causar transtornos.


Recentemente, lançou a idéia de seguir o exemplo de Chavez e criar um programa de televisão similar. Uma espécie de talk-show semanal para comunicar-se diretamente com o povo.


As articulações com a oposição, o fraco apoio no Congresso, um comportamento ambíguo frente a Evo Morales e a instabilidade de opiniões em relação ao presidente eleito do Equador, Rafael Correa, são apenas alguns exemplos de como Garcia está confuso.


Até seu principal pesadelo nos anos 80, o Sendero Luminoso, parece voltar à cena e aproveitar-se da indecisão de Garcia. Há rumores de que está se reorganizando no sul do país, na fronteira com a Bolívia.


A sorte do presidente é que sua atual gestão não está reproduzindo o primeiro governo, embora a grande mudança, estabilidade e crescimento econômico, não decorram inteiramente de suas ações, mas de fatores que garantem um bom desempenho econômico.


Não fosse isso, teríamos hoje um regresso ao Peru dos anos 80. Um país em que o caos levou a uma ditadura legitimada, que durou doze anos.


(análise produzida pela Arko América Latina)