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Abstenção no Norte e Nordeste pode levar a segundo turno

Deu no Estado de São Paulo de hoje:

Véspera do primeiro turno, nenhum analista político tem certeza se as eleições presidenciais vão terminar amanhã. ‘Apesar do favoritismo de Lula, comprovado pelas pesquisas de intenção de voto, a definição da eleição presidencial em primeiro turno não está garantida’, pondera o consultor político Murillo Aragão, para quem alguns fatores mais recentes devem ser considerados, como o não comparecimento do presidente Lula ao debate. ‘Além de ter se exposto aos ataques dos demais candidatos, a sua ausência pode ter desagradado uma parcela do eleitorado mais esclarecida’, justifica.

Em outra ponta, Lula pode ser prejudicado pelo histórico nível elevado de abstenção no Nordeste e no Norte, onde tem 70% das intenções de votos. Nas últimas eleições, foi justamente o Nordeste a região com maior porcentual de abstenção. Em 94, atingiu 23,2% do eleitorado da região. No primeiro turno de 98, a abstenção foi ainda maior: 27%. E, em 2002, foi de 21,5% e 25,7%, respectivamente, no primeiro e segundo turnos da eleição. Este nível, quase duas vezes maior que o do Centro-Sul, Sudeste e Sul, pode atrapalhar a vitória de Lula no primeiro turno.

Há outro fator, apontado por Aragão, que pode também influenciar: o candidato Cristovam Buarque deve mostrar melhor desempenho do que o verificado nas pesquisas por sua boa atuação no debate da TV Globo. Isto, mais a adesão de formadores de opinião e o fato da sua bandeira, a educação, encontrar eco em todas as camadas da população, pode premiá-lo com mais que os 2% verificados até agora.

Aragão destaca, contudo, a admirável resistência eleitoral do presidente ante a sucessão de escândalos e trapalhadas em que seus aliados e comandados se meteram nos últimos dois anos. ‘Sem o caso Waldomiro Diniz, o mensalão, a quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa e a operação Tabajara (a absurda tentativa de compra do dossiê contra tucanos), Lula seria reeleito com quase 70% dos votos’, acredita, lembrando que, sem as crises, a oposição não teria discurso e tampouco Lula perderia apoio expressivo entre formadores de opinião.