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A síndrome da porteira fechada

Lula admitiu que errou em nomear petistas para cargos em ministérios comandados por partidos aliados. Deu uma bagunça. Nos Transportes, por exemplo, o ministro era do PL e não conseguia mandar no secretário-geral, que era do PT e se reportava ao José Dirceu. Uma vez, o ministro nomeou um diretor para uma entidade vinculada ao ministério, mas o seu presidente recusou a nomeação. Disse que só seguia ordens de José Dirceu.


 


Assim, os ministros que não eram do PT terminavam sendo rainhas da Inglaterra, sem poder nenhum. Escaldados pelo fiasco do primeiro mandato, agora exigem ministérios porteiras-fechadas. Querem nomear do ascensorista até o ministro, passando por diretores, secretários, assessores, secretárias e office-boys. Claro que, na prática, não é assim que funciona. Existem muitos funcionários de carreiras que resistem, ano após ano, às mudanças nos ministérios.


 


Porém, pode haver substituição em cerca de 600 cargos ocupados por indicações do PT. Daí o fato de o partido estar revoltado com a operação despejo. Não se conformam com ter que ceder lugar para conservadores, neoliberais, direitistas, corruptos e tantos outros tipos que pululam no centrão montado por Lula.


 


O despejo contraria a filosofia de muitos do PT que defendem, como tática, o aparelhamento do estado. Querem mudar a sociedade a partir da ocupação de espaços no governo. Agora, vão ser despejados. Porém, não ficam sem emprego. Tal qual os tucanos e pedetistas, os quadros despejados de um lado são aproveitados em outro. Por exemplo, muitos do governo FHC foram para o governo de Minas.


 


Como o partido conseguiu eleger governadores em cinco estados (Acre, Bahia Pará, Piauí e Sergipe), espaço não vai faltar. E o partido conta com isso para não perder a receita com o dízimo pago por petistas que ocupam cargos em comissão.


 


O que importa é ficar controlando a máquina. Seja o PT, seja o PSDB, sejam os demais aliados de Lula. É a prova clara, cabal e inquestionável de que no Brasil não existe projeto de país. Existe projeto de poder. As ideologias e programas partidários são como chantilly ralo em cima do sundae do clientelismo bravo.