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A resistência de Cunha

Por Murillo de Aragão
Blog do Noblat – 03/03/2016
Em menos de um mês, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sofreu sua terceira derrota política. Fato raro em sua carreira.
A primeira foi na escolha do líder do PMDB. Depois, o Conselho de Ética resolveu, finalmente, dar prosseguimento ao processo contra o deputado.
Por fim, a maioria do STF decidiu acatar denúncia contra ele. O julgamento será concluído nesta quinta-feira. Com a conclusão do julgamento, Cunha será réu na investigação da Lava Jato.
Embora a decisão do STF não resulte no seu afastamento da presidência da Câmara, a pressão para que ele deixe o cargo aumentará. Ele promete resistir e levar seu mandato até o fim. Já não exista certeza.
Outra questão colocada refere-se às possíveis repercussões de novas delações. Há quem acredite que mais políticos do Rio de Janeiro estarão envolvidos na Lava Jato. Com as investigações chegando à politica fluminense, o risco de respingos em seus problemas pode aumentar.
Em consequências, o clima entre Cunha e o Governo deve piorar muito. Vários parlamentares do PT criticaram sua permanência no posto depois da decisão do STF e pediram sua saída.
A motivação de Cunha em continuar criando problemas para o governo também pode aumentar. Apesar de sua fragilidade, Cunha permanece com apoio suficiente para permanecer no cargo. Pelo menos, por algum tempo.
Mesmo às voltas com problemas, Cunha mostrar resiliência e controla a agenda da Câmara . Na disputa pela liderança do PMDB, perdeu mas desafiou governo federal e governos estaduais. Quase o seu candidato ganhou contra poderosos máquinas.
Mesmo desgastado e cometendo alguns erros, em especial quando ataca o Poder Judiciário, Cunha mostra vasto repertório para se defender.
A decisão do STF contra Cunha não altera de forma significativa o quadro político no curto prazo, mas mantém a temperatura política elevada, o que para o governo não é bom.
Passado um ano de sua eleição para a presidência da Câmara, talvez Eduardo Cunha tenha se arrependido de ter deixado a liderança do PMDB, cargo de importância mas de menor visibilidade.
Por fim, Cunha poderá ser derrotado pela quarta vez consecutiva: a eventual rejeição dos embargos declaratórios apresentados por conta da decisão do STF sobre os ritos do impeachment no Congresso. Mesmo assim, não desistirá.