A última pesquisa CNI/Ibope constatou que o governo Dilma Rousseff é considerado “ótimo/bom” por 56% dos brasileiros, mesmo percentual registrado em novembro do ano passado; 34% avaliaram a gestão como “regular” (na pesquisa anterior eram 32%) e apenas 8% disseram que o governo é “ruim/péssimo” contra 9% no levantamento anterior.
Mais positivos ainda foram os índices de aprovação da presidente Dilma Rousseff, que cresceram de 72% (novembro) para 77% (março). No mesmo período, houve queda da desaprovação, que passou de 21% para 19%.
A extraordinária popularidade de Dilma Rousseff deve ser creditada a alguns fatores.
O primeiro deles é ter herdado o prestígio e o apoio de Lula, seu padrinho político e grande fiador do modelo em vigor. O segundo fator está no seu desempenho como detentora do legado do ex-presidente.
Dilma se sai bem tanto na impressão que causa como gestora executiva quanto no comando da agenda que herdou de Lula. Essa é a avaliação popular.
O terceiro fator está no bom ambiente psicossocial em torno do governo, que se revela nos índices de satisfação do brasileiro com a vida e do consumidor com a economia. Tal circunstância acaba levando a uma leitura popular mais favorável do noticiário sobre o governo.
O quarto fator é a predisposição da mídia eletrônica para poupar Dilma dos efeitos colaterais dos problemas enfrentados pelo Planalto. Em nenhum momento – nos episódios de demissão de ministros, por exemplo – Dilma foi responsabilizada ou atingida por qualquer suspeita.
Pelo contrário, Dilma foi incensada por estar fazendo uma espécie de “faxina” na casa. Na mesma linha, os conflitos com a base aliada terminam sendo retratados como atos de resistência da presidente à politicalha de sempre.
O quinto fator está na fraqueza da oposição, que em momento algum conseguiu criar problemas para o governo nem tampouco conseguiu arranhar sua imagem perante a maior parte do eleitorado. Sem agenda e sem discurso, a oposição prossegue sem incomodar.
O sexto fator está na capacidade de Dilma de gerar fatos positivos com o lançamento de iniciativas e programas que reforçam sua imagem de executiva e de pessoa que mantém o país em movimento.
Considerando o quadro que se apresenta, duas questões importantes devem ser consideradas: a necessidade de ter um bom relacionamento com a base política e a capacidade de manter o eleitorado satisfeito. São dois públicos e duas agendas diferentes mas que, no limite, se encontram nas eleições.
No caso do relacionamento com a base, a tendência é que a relação permaneça em clima de “tapas e beijos” até as eleições municipais. A partir de então, deve começar a se desenhar o tamanho da base para 2014. Ou seja, prenúncios de novos atritos e disputas até a configuração definitiva da chapa de Dilma à reeleição.
A segunda questão é a satisfação do eleitorado. Na atual conjuntura, o que importa para o cidadão comum é o estado da economia. Entenda-se aí uma combinação promissora de crescimento, emprego e controle da inflação.
Dilma deve mostrar-se capaz de manter a economia com desempenho positivo e a inflação em patamares aceitáveis, de forma a que o eleitorado fique feliz. Mantendo o eleitorado feliz, conseguirá que o mundo político permaneça razoavelmente controlado.
Nas atuais circunstâncias, parece não existir nenhum iceberg no caminho que possa surpreender o governo de forma extraordinariamente negativa. Porém, como o inesperado sempre pode aparecer, o governo não deve nem tripudiar sobre sua base política nem abandonar os fundamentos econômicos prudenciais que estabeleceram as boas expectativas da economia brasileira.