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A onda tucana vai virar tsunami?

Dois dias depois da eleição cresce a sensação de que Geraldo Alckmin pode virar o jogo. É visível o abatimento no PT. O fato é que Lula tinha a campanha na mão, e por conta das trapalhadas de seus amigos pode estar perdendo a oportunidade de ser reeleito.


Os primeiros sinais pós-eleição não são positivos para ele. A maioria dos eleitores de Cristovam e Heloísa vai votar em Alckmin.  Outra parcela não vai votar em ninguém. Vai sobrar para o Lula menos de 30% dos votos de Heloísa e de Cristovam.


Outro ponto relevante é a questão da abstenção. Sem deputados estaduais e federais para arregimentar eleitores, principalmente no Nordeste e no interior de outras regiões, a abstenção pode ser ainda maior. Prejudicando ainda mais Lula.


Fazendo um cálculo grosseiro, Alckmin e Lula já estariam empatados tecnicamente empatados.  Provavelmente a situação de empate já irá aparecer nas próximas pesquisas. O próximo Data Folha sai na sexta-feira.


Outro fato é o desempenho de Alckmin. Pulando de 35 para 41% de um dia para outro, Geraldo criou um fato novo na campanha e tornou-se uma real opção de poder. Até então, rodando na casa dos vinte e poucos por centro, era uma pálida esperança para alguns e um fiasco para a maioria. A situação mudou. Sua ascensão cria um espaço de reflexão cujos resultados não são previsíveis.


O esmagador favoritismo de Lula inibia o pensamento da mudança. O escândalo do Dossiê Tabajara e a viabilidade eleitoral de Alckmin colocaram Lula e seu oponente com a mesma estatura. Tal fato já esta sendo identificado na divisão dos apoios.


A campanha está começando e, por conta dos acontecimentos das duas últimas campanhas e pelo desempenho de Alckmin, será uma nova campanha. O que muda é o fato de que o inconteste favoritismo de Lula já não é inconteste.


Quando disse que a campanha de Alckmin respirava por aparelhos, fui tachado de petista. Quando disse que o dossiê Tabajara podia causar o segundo turno, fui acusado de vendido ao pensamento das grandes empresas.


Fracamente, tanto Geraldo quanto Lula são conservadores demais para o que considero ideal para o Brasil. Acreditam demais no poder do estado, gostam de assistencialismo em larga escala, querem manter a carga tributária elevada para distribuir o excesso para setores específicos, entre outras falácias. Antes que me acusem de neoliberal,  não defendo o império do mercado. Porém,  estamos rodando um software antigo para os desafios que temos que enfrentar.


 Enfim, o Brasil precisa de idéias melhores na política. Infelizmente, não as temos. Nossas opções estão limitadas aos dois. Já é um avanço. Semanas atrás todos achavam que a eleição estava decidida.