As dificuldades enfrentadas para conciliar os interesses de PT e PMDB em certos estados estão levando alguns diretórios estaduais peemedebistas a questionar a aliança nacional entre os dois principais partidos de sustentação ao governo Dilma Rousseff.
Na semana passada, estados como Rio de Janeiro (RJ), Ceará (CE), Bahia (BA), Maranhão (MA), Paraná (PR) e Rio Grande do Sul (RS) chegaram a iniciar um movimento para tentar articular a realização de uma pré-convenção do partido em março. O objetivo seria pressionar o PT nos estados em que os petistas ainda resistem em apoiar candidaturas do PMDB a governador e senador.
O relacionamento entre PT e PMDB nos estados citados terá de ser gerenciado com prudência, pois os diretórios do PMDB nesses estados possuem votos suficientes para, numa situação extrema, até mesmo inviabilizar a aprovação da aliança formal entre os dois partidos no Diretório Nacional. Isso impactaria negativamente Dilma Rousseff em termos de estrutura partidária e também no palanque eletrônico (o PMDB possui mais de dois minutos de tempo de TV).
Apesar da força desses estados, é pouco provável na conjuntura atual que a reprodução formal da aliança nacional entre PT e PMDB não prospere. No entanto, a eventual realização de uma pré-convenção em março poderá contribuir para acirrar ainda mais os ânimos entre petistas e peemedebistas nesses estados.
Vale mencionar que a unidade entre PT e PMDB nos estados não deve ser a mesma. Segundo levantamento realizado pelo jornal O Globo na sexta-feira passada (25), hoje petistas e peemedebistas estariam afastados em 11 estados (RS, PR, MS, SP, RJ, MG, BA, PI, PE, RR e AC). Por outro lado, os dois partidos estariam juntos em 15 colégios eleitorais (SC, ES, PB, RN, CE, AL, GO, DF, TO, MA, MT, PA, AP, RO e AM).
Essa desconfiança mútua entre PT e PMDB decorre dos interesses de poder entre os dois partidos na construção de seus palanques regionais. Apesar da aliança nacional entre as duas legendas, petistas e peemedebistas possuem interesses muitas vezes conflitantes nos estados.
Como o PMDB extrai sua força congressual do bom desempenho eleitoral de seus candidatos nos estados, não interessa ao partido ver ameaçada essa posição. O PT, por sua vez, resiste em ceder ao PMDB justamente para tentar reduzir sua dependência a esse seu maior aliado.