PSDB, DEM e PPS, os principais partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff, continuam sem conseguir construir uma agenda alternativa à atual gestão. Mais do que isso, duas divergências internas permanecem presentes. Pior, o caminho para as eleições de 2012 parece longe de ser tranqüilo.
Nem mesmo a sucessão de problemas na equipe ministerial do governo serviu para alimentar o discurso oposicionista e dar um rumo a quem não está na base governista. Para simplificar, tanto PSDB quanto o DEM estão perdidos em meio às suas picuinhas internas.
No PSDB, por exemplo, causou reações negativas entre os tucanos a declaração do senador Aécio Neves (MG) de que “estará pronto para disputar com qualquer candidato do campo do PT, seja Lula ou Dilma”, a sucessão presidencial de 2014.
Dias após a manifestação de Aécio, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou em seu twitter que “querer colocar o carro adiante dos bois só atrapalha e desorganiza a oposição”. O comentário de Serra foi interpretado como uma reação aos movimentos de Aécio Neves, que, nas últimas semanas, demonstrou disposição de ser o candidato do PSDB em 2014.
A disputa entre os grupos de Aécio Neves e José Serra continua na ordem do dia no ninho tucano. No entanto, ao contrário dos últimos anos, a correlação de forças no PSDB hoje é mais favorável a Aécio, já que o senador mineiro conta com o apoio de líderes importantes, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
No DEM, principal aliado do PSDB desde 1994, o clima também não é bom. Depois de perder lideranças importantes para o PSD e encolher mais ainda, sobretudo na Câmara, o partido pode vir a repensar a parceria com os tucanos. Em entrevista concedida ao blog do jornalista Josias de Souza, da Folha de S.Paulo, o vice-presidente nacional do DEM, José Carlos Aleluia, declarou que “o PSDB não tem dado o tratamento que esperamos” e que o DEM “não é um aliado cativo do PSDB”. Disse ainda que não existe a tese de “alinhamento automático” com os tucanos.
Já nas eleições municipais de 2012 o DEM deve ficar dissociado do PSDB em colégios eleitorais importantes, como as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em São Paulo, diante da negativa de José Serra de ser candidato a prefeito, o DEM tende a apoiar Gabriel Chalita (PMDB). No Rio de Janeiro, deverá lançar a candidatura própria de Rodrigo Maia, tendo Clarissa Garotinho (PR) como vice. Quanto a Belo Horizonte, onde PSDB e PT apoiarão a reeleição de Márcio Lacerda (PSB), o DEM fala em construir um novo caminho. Por enquanto o único acordo entre PSDB e DEM envolve a disputa pela prefeitura de Aracaju (SE), onde o tucano José Carlos Machado deve ser o candidato a vice de João Alves, do DEM.
A disputa interna no PSDB também tem levado o PPS a repensar seus rumos. O presidente nacional do partido, Roberto Freire, prepara um documento em que será discutida a possibilidade de candidatura própria à Presidência em 2014. Aproveitou para abrir as portas do partido para a candidatura presidencial de sua amigo José Serra.
Em constante disputa interna e sem criar uma agenda para enfrentar os governistas, PSDB corre o risco de ser descartado pelo PPS e pelo DEM já em 2012, o que poderá afetar as possibilidades de uma candidatura presidencial competitiva em 2014. Com tamanha desorganização nas oposições, o que poderá ser o maior problema “oposicionista” para Dilma é um eventual racha na base governista. Candidaturas próprias no PMDB e no PSB não devem ser descartadas. Os sinais de que elas podem ocorrer já são visíveis no mundo político.