O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, é um visionário? Ele anunciou, em coletiva à imprensa na sede da entidade em Zurique, na última sexta-feira, que a presidente Dilma Rousseff designaria um novo interlocutor para assuntos da Copa do Mundo de 2014. Deixou claro que Orlando Silva era carta fora do baralho e que a próxima reunião no Brasil para discussão de ajustes na Lei Geral da Copa não teria a participação do comunista. Para quem estava na Suíça, a demissão oficial de Orlando Silva seria uma questão de horas. Demorou cinco dias. Mas saiu. A justificativa do governo ontem foi a abertura de inquérito, ocorrida um dia antes, no Supremo Tribunal Federal (STF), contra Orlando Silva, um procedimento judicial burocrático diante do pedido feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Fica, assim, a impressão de que o Palácio do Planalto tem agenda própria e não se submete aos desígnios da Fifa. Não caberia no perfil da presidente Dilma desligar de sua equipe um ministro horas depois de a notícia circular em outro continente. O episódio, no entanto, mostra que os cardeais da Fifa acompanharam nos bastidores a crise no Ministério do Esporte. E estavam muito bem informados. (Correio Braziliense)