A fraca herança estatística (o "carry over", em economês) e as perspectivas desanimadoras para a indústria alimentam as previsões mais pessimistas para o crescimento em 2012. Com o desempenho ruim da economia no terceiro trimestre e a expectativa de um quarto trimestre também decepcionante, 2011 pode deixar para 2012 uma herança próxima a zero em termos estatísticos. O BNP Paribas, que projeta expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 2,5% para o ano que vem, acredita num carry over de apenas 0,1% para o ano que vem. Um carry over de 0,1% significa que, se a economia não crescer nada em relação ao fim de 2011, o PIB vai avançar apenas 0,1% no ano que vem. Para comparar, a herança que 2010 deixou para 2011 foi de 1,1%. O economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, trabalha com uma herança estatística tão baixa para 2012 por ver um desempenho bastante fraco da economia no terceiro e no quarto trimestres deste ano. Para o terceiro trimestre, ele projeta uma queda de 0,3% em relação ao segundo, feito o ajuste sazonal. No caso do quarto, Carvalho espera uma recuperação muito tênue, uma alta de 0,2% sobre o trimestre anterior, na mesma base de comparação. Em seus relatórios, ele mostra convicção de que as previsões de crescimento do mercado vão cair. "Basta fazer as contas", diz ele, referindo-se ao baixo carry over para 2012. O desempenho pífio da indústria e o risco de que o investimento seja bastante afetado, num cenário de elevada incerteza externa, devem prejudicar a atividade econômica. Carvalho observa, porém, que mesmo as suas projeções embutem uma recuperação da economia ao longo de 2012. No fim do ano, o PIB deve estar crescendo a uma taxa na casa de 4% – o problema fundamental é o carry over. (Valor Econômico)