Desempregada há pouco mais de dois meses, a técnica em segurança do trabalho Karina de Moura Chagas, de 24 anos, vai ter um Natal magro este ano. Diferentemente de 2010, ela não tem planos de comprar presentes sofisticados, a não ser lembrancinhas, nem tem muitos motivos para festejar neste final de ano. Ao contrário, Karina enfrenta problemas para quitar as prestações dos bens que adquiriu quando cenário era mais positivo. Nos tempos de salário e economia em alta, ela resolveu aproveitar as facilidades do crediário e comprou eletrodomésticos como geladeira, tanquinho, televisão e aparelho de DVD para equipar a casa dos pais, com quem morou até alguns meses atrás. No dia em que o IBGE divulgou que o PIB ficou estagnado no terceiro trimestre, sob influência da queda no consumo das famílias, Karina estava na fila do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), no centro da capital paulista, acompanhada do namorado, o cinegrafista Jean Carlos Rodrigues Vieira, de 23 anos, tentando renegociar uma dívida de R$ 2,6 mil. (O Estado de S.Paulo)