Ao derrubar os preços das commodities no mercado internacional, a crise financeira global de 2008 e 2009 – iniciada com a quebra do banco Lehman Brothers – afetou diretamente o desempenho das cidades brasileiras que dependiam da venda de matérias-primas, especialmente agrícolas e minerais. Tanto que, em 2009, Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro, que tem a economia sustentada pelo petróleo, foi a cidade que mais perdeu participação no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) nacional: de 1% em 2008 para 0,6% em 2009. Também sofreu os efeitos da turbulência financeira a cidade de Vitória, no Espírito Santo. Afetada pelos preços em baixa do minério de ferro, a fatia da capital capixaba no PIB saiu de 0,8% para 0,6% de um ano para outro, conforme o PIB dos municípios, divulgado ontem pelo IBGE. Campos e Vitória são o retrato da mudança provocada pela crise na distribuição da riqueza do país. Os dados mostram que a tendência de ganho de participação das cidades médias (de 100 mil a 500 mil habitantes) foi interrompida. Em 2008, representavam 28,2% do PIB, para, em 2009, caírem para 27,4%. Já as cidades com mais de 500 mil habitantes viram sua presença evoluir de 41,8% para 42,7%. Ainda assim, as cidades médias aumentaram sua cota no PIB em 1,3% na última década. Já a participação das maiores minguou em 3,1%. A expectativa, a despeito da nova turbulência global, é que municípios de médios voltem a elevar seu peso no PIB. (O Globo)