Quatorze anos depois da quebra do monopólio na exploração de petróleo no país, a Petrobras mantém o domínio quase absoluto do setor. Concentra as importantes descobertas dos últimos anos e responde por quase 90% da produção nacional. Desde 1999, foram enviadas 1.201 notificações de descobertas à Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas apenas 152 se mostraram comerciais e receberam ou ainda vão receber investimentos que resultarão em nova produção de óleo ou gás. Dessas 152 descobertas, 92 foram feitas em campos operados pela Petrobras. No mar, houve 49 descobertas no período, sendo 39 em áreas operadas pela estatal. A maioria são campos em terra, de pequenas dimensões e que agregam pouco à produção nacional, com exceções importantes como as reservas de gás da Petrobras no rio Solimões e da OGX no Parnaíba. A estatal também responde pelo maior volume de investimentos previstos para os próximos anos. Planeja investir US$ 215 bilhões até 2015, ou 83,3% do total do setor de petróleo e gás. As companhias estrangeiras são responsáveis pela produção de 10% do petróleo no país. Em outubro, extraíram 216 mil barris de óleo e gás por dia, ante uma produção total de 2,5 milhões de barris/dia. Os adiamentos das novas rodadas de licitações para exploração – o último leilão foi em 2008 e a 11ª rodada vem sendo postergada desde abril – acentuam o poderio da Petrobras, porque fecham o espaço para a operação de novos concorrentes. "O monopólio está voltando a todo vapor", afirma Wagner Freire, ex-diretor da Braspetro e da Petrobras. (Valor Econômico)