Uma ligeira mudança no rumo do governo para a esquerda, com políticas mais intervencionistas, aumento do papel do estado na economia, bem como o das estatais. Este era o prognóstico dos mais pessimistas quanto à chegada de Dilma Rousseff ao poder. O perfil técnico da presidente, aliado a uma carreira de baixa expressão política, foram os ingredientes ideais àqueles que previam a deterioração da qualidade da política econômica do país, especialmente em relação a uma possível falta de jogo de cintura para lidar com os problemas entre os partidos aliados. Pois passado um ano, os problemas vieram e Dilma não se livrou do estigma de uma presidente técnica, mas surpreendeu mostrando personalidade para equilibrar os conflitos internos-afinal, só neste semestre caíram sete ministros -,manter ainda boa popularidade e, pouco a pouco, ir mostrando que nem sempre segue os caminhos do ex-presidente Lula. Christopher Garman, diretor para a América Latina do Eurasia Group, garante que não foram poucos momentos em que isto aconteceu. Enquanto o presidente Lula tinha resistências a encaminhar concessão para aeroportos, Dilma foi mais pragmática e defendeu a participação do capital privado para desenvolver a deficitária área de transportes. "Na verdade, ela já defendia isso quando era ministra da Casa Civil", diz. "Na crise internacional, por exemplo, a presidente tem uma forma mais prática de agir, uma visão economicista. Ela usa a oportunidade para vender o Brasil no cenário externo, e aqui dentro, para baixar juros, incentivando a economia", ressalta. (Brasil Econômico)