Pouco antes do ataque japonês a Pearl Harbor, em 1941, a Du Pont se perguntava o que fazer com os produtos que havia desenvolvido para o esforço de guerra que se aproximava. A empresa estava empenhada em produzir matéria-prima para roupas e paraquedas, entre outros usos. No final das contas, o nylon e a lycra resultaram em enormes lucros para a multinacional no pós-guerra, pois serviram para produzir inúmeros bens de consumo.
A Du Pont é uma entre as centenas de empresas norte-americanas que demonstram essa imensa capacidade de criar inovação. Nos dias de hoje, talvez o exemplo mais evidente dessa capacidade seja a Apple, assim como, anos trás, foram destaque a Microsoft, a IBM e a Xerox. A Apple não deixa de apregoar que seus produtos, mesmo sendo feitos na China, seguem um design elaborado na Califórnia.
Muitas das inovações norte-americanas terminam com o carimbo “made in China” por conta dos custos, mas são produtos inventados nos Estados Unidos. Das firmas consideradas mais inovadoras do planeta, 40% são norte-americanas, seguidas por japonesas, francesas e alemãs, com números relativamente modestos.
Enquanto o mundo apregoa a decadência dos Estados Unidos, milhares de empreendimentos desse país ainda produzem inovação. E vai continuar assim por muitos anos. Por exemplo, apenas a Marinha norte-americana realizou pesquisas com nada menos do que 59 pesquisadores que concorreram e- eventualmente premiados – ao Nobel em suas respectivas áreas.
Em 2010, estimava-se que existiam mais de 7 milhões de patentes em vigor no mundo. Quase 30% delas haviam sido solicitadas por empresas norte-americanas, seguidas por japonesas. Hoje, apenas a China ameaça essa supremacia. Mesmo assim, calcula-se que, caso nada mude, somente em 2022 os chineses chegarão a assumir tal liderança.
No xadrez mundial, os países têm que oferecer algo que seja consumido pelos demais. Sejam produtos industrializados, serviços ou commodities. O Brasil se destaca no campo das commodities e até mesmo na exportação de alguns manufaturados. Continuaremos a produzir petróleo e seremos um dos principais exportadores do produto em um planeta que continuará a consumir combustíveis fósseis. No entanto, não podemos prosseguir dependendo das commodities, que, mais dia menos dia, poderão se transformar em bens obsoletos.
Uma boa notícia é que em 2011 foram solicitadas mais patentes no Brasil do que no ano anterior. Até o dia 20 de dezembro de 2011, havia 30.617 pedidos, contra 28.052 em 2010. O mesmo sucedeu com o registro de marcas, que ultrapassou a marca de 140 mil solicitações. Apesar de nossos números estarem melhorando significativamente, ainda precisamos ser mais criativos para podermos oferecer mais inovações a outros países. Algumas iniciativas do passado, como a criação da Petrobras, da Embrapa, da Embraer, do CPQD, entre outras empresas no campo público e privado, nos trouxeram inovação e criatividade.
A fórmula deve ser aprofundada, assim como deve ser estimulada uma maior integração entre as empresas, as universidades e os centros de pesquisa. Os gastos das Forças Armadas deverão estar conectados a P&D no país. O CNPq tem ampliando o número de bolsistas no Brasil e no exterior, e o programa Ciência sem Fronteiras, lançado no ano passado pela presidente Dilma Rousseff, é um incentivo para que os jovens brasileiros estudem mais e internalizem novas tecnologias.
Atualmente, apenas um brasileiro estuda tecnologia na Ucrânia. Já a China tem mais de 40 mil estudantes de pós-graduação naquele país. O novo programa pretende colocar 100 mil brasileiros estudando no exterior até 2014. Trata-se de uma ação excepcional. O Brasil deve usar as oportunidades dos bons momentos para investir na produção de inovação e no estímulo à criatividade. é caminho que nos fará crescer com segurança, independência e desenvolvimento.