Retorno de um giro de palestras por Estados Unidos e Europa, onde aproveitei para explicar o momento brasileiro e recolher impressões. E a mais marcante das impressões é a de que 2012 acontece em alta velocidade. Nem bem começamos o ano e as expectativas já flutuam e apresentam mudanças.
Por exemplo, os Estados Unidos apontam na direção de uma modesta recuperação. Mais empregos estão sendo criados e o consumidor está um pouco mais otimista. A imensa dívida continua sendo o problema, mas, mesmo quando foram rebaixados pelas agências de rating, os bonds americanos foram os mais procurados.
De certa forma, existe a crença de que os Estados Unidos vão saber lidar com a própria dívida. A mesma certeza não existe com relação à Europa. O simples rebaixamento de alguns países na Zona do Euro trouxe sombrias expectativas para o continente.
Ouvi de um economista do Banco Mundial que, para se salvar, a Europa terá que imprimir dinheiro como se não houvesse amanhã. De um insider nos meandros de Bruxelas, ouvi a pérola de que – apesar de toda a crise – foi muito bom descobrir nossas (as deles) fragilidades!
Com relação à China, que preocupa os brasileiros por causa de nossas exportações, existe o temor de que um hard landing possa jogar a economia mundial no buraco.
No entanto, um dos mais proeminentes operadores de equities na ásia me assegurou que a situação chinesa não piorará de forma trágica, como muitos pensam. Mesmo com várias contradições e um sensível desaquecimento, a China vai continuar a crescer.
Olhando o Brasil de fora, temos um retrato bastante positivo. E o que mais se destaca agora é a confluência de expectativas positivas de brasileiros e estrangeiros sobre o futuro imediato do país.
Enquanto isso, na Europa o desânimo e o pessimismo são a tônica. Infelizmente, as políticas de austeridade e restrição fiscal tendem a piorar o moral do europeu.
Um ponto positivo neste momento é que a maioria dos economistas ganhadores de prêmios Nobel, consultados pela Newsweek, não crê no fim do euro e acredita que a governança financeira será melhor, o que aponta para uma saída para a Europa. O que se discute é o tamanho da dor que os europeus terão que sofrer.
Para o Brasil, a crise na Europa e as incertezas da China são um alerta mais do que oportuno. Atravessamos as turbulências do mercado com alguma tranquilidade porque desde 1994 estamos aperfeiçoando nossos fundamentos.
Combinando melhores fundamentos com regras fiscais e melhor governança monetária e cambial, temos podido usufruir benesses do mundo pré-crise. E construímos uma base de credibilidade.
Lula destapou o mercado interno combinando as vantagens da estabilidade econômica com maiores gastos sociais, ganhos reais no salário mínimo e controle da inflação. O resultado foi a geração de emprego e a redução da desigualdade.
Caso Palocci tivesse sobrevivido ao primeiro mandato, o Brasil teria evoluído ainda mais. Principalmente no que se refere ao ambiente de investimento. Porém, Mantega fez e faz um bom trabalho. Surpreendeu com as políticas anticíclicas pós-crise e se consolidou como um dos ministros da Fazenda mais longevos de nossa história.
Olhando a crise no mundo, devemos trabalhar em alguns aspectos internos para expandir nossos horizontes e consolidar o bom momento.
O temário é simples de ser identificado e complexo de ser trabalhado: inovação, competitividade, transparência e redução da burocracia. Bem trabalhados, todos esses itens resultarão em um país com menos corrupção, melhor gasto público, mais investimentos privados e criação de produtos inovadores. Assim, um salto seguro para um futuro melhor.