O anúncio do corte de R$ 55 bilhões no Orçamento de 2012 ficou abaixo dos R$ 60 bilhões considerados necessários pelo mercado para o cumprimento da meta cheia de superávit primário. No entanto, o mercado futuro de juros não abandonou a aposta de que a taxa Selic cairá até o patamar de um dígito neste ano. Isso porque, na visão de analistas, a diferença entre o contingenciamento anunciado e o esperado é pequena e pode perfeitamente ser coberta por receitas extraordinárias. E, caso esse quadro se confirme, o BC poderá contar com a economia fiscal de 3,1% do PIB para dar prosseguimento a sua estratégia de afrouxamento monetário. Considerando também um ambiente externo nervoso e um indicador de inflação favorável, as taxas curtas devolveram prêmios, enquanto as longas permaneceram coladas ao ajuste. Assim, o contrato para janeiro de 2013 ficou em 9,27%, de 9,31% na terça-feira, enquanto de janeiro 2014 indicou 9,69%, de 9,67%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, salientou, ontem, que o corte no Orçamento abre espaço para a redução da taxa de juros. A forte desaceleração do IGP-10 de janeiro, anunciado ontem cedo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sustenta, por ora, a visão do ministro Mantega, e jogou a favor da queda dos juros futuros de curto prazo. O IGP-10 subiu 0,04% em fevereiro, taxa inferior à projetada pelo mercado. (O Estado de S.Paulo)