Como explicar o fato de a indústria no Brasil, em meados da década
de 90, ter sido capaz de superar os problemas de ação coletiva típicos
de um grupo formado por muitos atores heterogêneos e de adotar
uma agenda comum formada por temas que superam as clivagens
que dividem as empresas em função da competição pelo mercado, ou
do seu porte, ou do ramo de atividade em que atuam? Como explicar,
enfim, que a redução do custo Brasil se tenha constituído na síntese da
agenda política do empresariado industrial?
Na primeira seção do artigo, argumento que a emergência da pauta
de interesses comuns decorreu de dois fatores: em primeiro lugar, a
elevação da competitividade ao patamar de objetivo prioritário das
empresas industriais; em segundo, o trabalho conjunto de organizações do setor industrial para definir o conteúdo do custo Brasil e pugnar por sua redução.
Na segunda, mostro como o setor industrial efetivamente atua ao longo do processo de produção legislativa federal referente à questão do
custo Brasil. A atividade política do empresariado industrial é classificada em diferentes modalidades de ação. Além disso, discuto o efeito
das instituições que regem o processo de produção legislativa sobre
as atividades de articulação de interesses desempenhadas pela indústria.
Na terceira seção, apresento o método adotado para mensurar o grau
de sucesso e insucesso obtido pela indústria em processos de produção legislativa relativos ao custo Brasil.
Na quarta, apresento os resultados obtidos pela aplicação do método
definido na seção anterior.
As evidências resumidas na conclusão sugerem que o empresariado
industrial brasileiro geralmente é mais bem-sucedido em suas incursões no campo da política do que parte da literatura faz supor.
Autor:Wagner Pralon Mancuso
Fonte: https://www.proquest.com/openview/010a2aac5aa9a5abd117dad973295e55/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2029257