A culpa, na política, é presença constante. A política é uma atividade de alto risco em que errar é a regra. Perdem-se eleições antes de vencê-las. Teses são derrotadas até que, um dia, possam ser aprovadas.
Política é luta, e luta é confronto. No confronto existem perdedores e ganhadores. Quem perde erra e, consequentemente, existirão parcelas de culpas.
Não no sentido jurídico, de culpa que se opõe a dolo. Na política, a culpa é de quem erra, por ter tomado decisões que levaram a determinado fato.
Cabe ao político saber lidar com o erro e a culpa. É parte permanente do jogo. O bom político aprende com os erros e trata a culpa de modo conveniente. A política tem na dissimulação um de seus instrumentos mais poderosos.
Para não ser destruído pelos próprios erros, o político os esconde e os renega. Não sendo possível, culpa os outros. Como diria Homer Simpson: “A culpa é minha, coloco-a em quem eu quiser.”
O político quase nunca admite a culpa em público. O ex-presidente Lula, por exemplo, jamais admitiu publicamente que o maior erro de sua vida foi a trágica escolha de Dilma Rousseff para sucedê-lo no Palácio do Planalto.
Na intimidade, contudo, admite o erro. E há quem diga que ele acha que acabou atrás das grades por conta dos erros de Dilma.
Lula, como outros políticos, repete um padrão típico de líderes messiânicos: não assume culpas em público, traço comum em figuras como Hitler, Stalin, Chávez, Castro e Mussolini, entre outros. Eles sempre buscaram colocar a culpa de seus fracassos nos outros.
Obviamente, o político de sucesso é o que erra menos.
Para muitos, o britânico Winston Churchill foi o maior estadista de todos os tempos. No entanto,ele precisou montar uma coleção extraordinária de erros até conseguir se tornar o maior líder político do século XX.
Paradoxalmente, quando Churchill concluiu sua maior vitória, impor a derrota aos nazistas, foi derrotado nas eleições parlamentares.
Mas ele soube sobreviver aos próprios erros.
É o que Lula tenta fazer, de forma incansável, pensando na ex-presidente Dilma e lembrando o cantor e compositor paulista Kiko Zambianchi: “Se um dia eu pudesse ver/ Meu passado inteiro/E fizesse parar de chover/Nos primeiros erros.”