Com uma transição no governo federal que começa confusa e marcada por comportamentos próprios das grandes mudanças, inicia-se um novo tempo no Brasil. Os sinais estão misturados, e uns são bons, outros nem tanto. Vamos começar pelos negativos. Existe certo voluntarismo que deve ser contido. Declarações duras, típicas do processo eleitoral, devem ser moderadas em favor de abordagens mais pragmáticas. Nesse sentido vejo, claramente, que não foi feito o dever de casa no que se refere a embasar declarações sobre política externa.
As idas e vindas em torno de nomes ministeriáveis também não são positivas. Existe, ainda, uma impressão de desorganização na transição. Parece que na há um planejamento de ações nem a centralização na comunicação de iniciativas. O ideal seria distribuir tarefas e designar alguém para falar publicamente pelo governo de transição. Neste momento, o governo deve falar mais com atitudes do que com declarações.
Vamos agora aos sinais positivos. Bolsonaro, apesar de sua rotina de dar declarações diárias, tem se mantido dentro do figurino esperado de um presidente eleito. Sem dúvida, a equipe econômica, com Paulo Guedes, Mansueto Almeida e Joaquim Levy, é muito forte. Resta saber quem vai ocupar o comando do Banco Central para termos o time completo. Considerando a escolha de Levy e Mansueto, espera-se que o novo presidente do BC seja do mesmo nível. A manutenção do presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, também foi um bom sinal. Já que realiza excelente trabalho de recuperação da empresa.
A indicação da deputada federal Tereza Cristina (DEM) para a pasta da Agricultura foi muito positiva por consolidar a base de apoio ruralista no Congresso. A indicação do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça é igualmente positiva e revela dois aspectos: o governo Bolsonaro ganha o selo de qualidade da Operação Lava-Jato; Moro tem capacidade técnica e liderança para fazer um bom trabalho na segurança pública.
A agenda econômica voltada para a simplificação tributária e a desburocratização é um sinal positivo excepcional. Colocando o Doing Business in the World do Banco Mundial como guia, o novo governo quer galgar pelo menos 40 posições, saindo do vergonhoso 120o lugar para o 80o em quatro anos. Parece pouco, mas se isso se realizar será quase uma revolução no ambiente de investimentos.
Outro sinal positivo excelente está sendo dado por investidores. Desde a eleição de outubro até o momento em que concluo este texto, tenho recolhido informações que resultam em mais de R$ 6 bilhões a serem investidos no Brasil. São empresas como BMW, Toyota, JAC Motors, Nivea, Havan, entre muitas outras.
Enfim, o Brasil de 2019 parece promissor. Que Bolsonaro tenha a capacidade de controlar seus aliados para que o “fogo amigo” não atrapalhe muito. E que o Congresso entenda que são tempos de muita responsabilidade e avanços.