O sucesso ou o fracasso das nações é uma das questões mais intrigantes. Por que algumas nações conseguem poder e prosperidade e outras não? Por que algumas nações destruídas nas guerras, como o Japão e a Alemanha, conseguiram em pouco tempo se restabelecer? Por que nações como o Brasil e a Argentina, abençoadas com recursos naturais abundantes, bom clima e prudente distância das turbulências políticas e bélicas do mundo, não conseguem realizar todo o seu potencial?
O livro Por que as nações fracassam, de Daron Acemoglu e James Robinson, dão sérias e consistentes pistas sobre o problema. é uma obra indispensável para aqueles que pensam o Brasil e querem buscar vias para o progresso de nossa sociedade.
Os caminhos do sucesso de uma nação estão na liberação do potencial criativo e empreendedor de seu povo. Essa é uma tarefa de nossas lideranças públicas e privadas. Infelizmente, não faz parte de suas agendas.
As lideranças públicas tratam de ampliar os domínios do Estado, das corporações que representam e de seus grupos políticos. Trata-se de uma perversa aliança de políticos, burocratas e funcionários de carreira para explorar a sociedade.
Já as lideranças privadas agem pragmaticamente e voltadas para seus interesses. As de maior sucesso têm na relação privilegiada o seu grande trunfo. Vide o caso de Eike Batista, que vendeu mundos e fundos a partir das relações de poder.
Para piorar, nossas lideranças de hoje são fracas. Nenhuma liderança relevante pós-golpe de 64 se consolidou como verdadeiro líder. Todos ainda transitam entre a segunda e a terceira divisão da política. Ciro Gomes, depois de mudar de partido “n” vezes, é uma pálida voz do reformismo que chegou a encantar alguns incautos com sua verborragia de segunda.
Jose Serra, ainda que seja um dinossauro dos tempos duros, divide muito mais do que agrega. Geraldo Alckmin tem na sua palidez a grande qualidade. Aécio Neves aparece pela vida social intensa e pelas dúvidas que causa acerca de sua real intenção de ser candidato. Dilma Rousseff sobressai pelo mandonismo e pelas expectativas de que seria uma gerente eficiente. Eduardo Campos ainda é um fenômeno regional. Marina Silva se destaca em seu messianismo pela mistura tupiniquim de Madre Teresa de Calcutá com um Gandhi de bloco de axé.
Ainda dependemos de Lula e FHC para buscar a política maior. Ambos já estão velhos e mal conseguem conter a mediocridade de seus liderados. Lula não dá conta de proteger o “lulismo” dos equívocos políticos e gerenciais do atual governo. FHC não consegue proteger o seu legado nem apaziguar um partido, o PSDB, cindido por uma interminável guerra de egos e vaidades.
Ironicamente, temos crises mais à frente que podem nos fazer avançar. Inegável reconhecer que o Brasil só faz o dever de casa na bacia das almas. Foi assim com o Plano Real e os aperfeiçoamentos pós-crise de 1998. Foi assim com Lula, que sabia que não terminaria o governo, caso deixasse a crise econômica e financeira engolir o país.
Precisamos de crises para evoluir. A falta delas gerou complacência e notável perda de qualidade na gestão financeira, fiscal e econômica do país. Pois bem, logo ali, depois da curva, duas crises nos esperam. Uma de natureza econômica, que nos forçará a desacelerar o crescimento do país para conter a inflação. Vai implicar desemprego, juros mais altos e redução de gastos públicos. Tudo o que os políticos não gostam de fazer.