Dentro dos muros do PT, José Dirceu ainda é saudado como um grande líder. Mas seu prestígio vai de mal a pior. Muitos atribuem aos seus equívocos o desgaste de imagem do partido. Condenam a arrogância no trato de aliados e a inabilidade para conduzir a operação política que se transformou no mensalão.
Posteriormente, a sua desenvoltura como consultor também incomodou. Muitos acreditam que ele deveria ter se recolhido e vivido de forma discreta. Teria sido melhor para o seu julgamento. No entanto, sua conduta espalhafatosa terminou agregando mais preconceito à sua imagem. No final das contas, Dirceu foi condenado não apenas pelo que fez e não fez no mensalão, mas também pelo que fez depois do ocorrido.
Agora, usando do direito de preso em regime semiaberto, Dirceu se superou com a história de ir trabalhar em um hotel que é controlado por um laranja, com salário de R$ 20 mil. Novamente, muitos acham que ele deveria ir trabalhar em ações comunitárias e manter um perfil baixo. Mas ele insiste em ocupar espaços na mídia de forma negativa e correr riscos desnecessários. Tudo o que o PT menos precisa em período pré-eleitoral.
Em política, dominar a arte de sair de cena é tão ou mais importante do que dominar a arte de entrar em cena. A arte de voltar à cena é ainda mais importante. Saindo bem de cena e considerando que o brasileiro tem a memória curta e é um povo generoso, Dirceu poderia voltar adiante em grande estilo. Parece que não é exatamente o que ele quer.