Na sexta-feira passada (18), o ex-presidente Lula (PT) e o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), tiveram um encontro na sede do Instituto Lula, em São Paulo, informou o jornalista Josias de Souza.
No encontro, Temer relatou a Lula que a relação entre PMDB e PT, e também com os demais aliados, tende a ficar turbulenta no final de 2013, por causa das eleições no próximo ano. Segundo o vice-presidente, homem forte do PMDB, isso se deve à combinação de dois eventos no calendário: 1) a troca de 12 ministros que deixarão a Esplanada para se candidatar; 2) a formação de palanques estaduais.
De acordo com Temer, a suposta intenção da presidente Dilma Rousseff (PT) de substituir quadros políticos por técnicos desagrada ao PMDB. Na avaliação de Temer, outros partidos da base aliada também não veem a medida com simpatia.
Em relação à formação de alianças nos estados, Temer levou a Lula a reclamação de que o PMDB sente falta de generosidade por parte do PT. “O PT não pode querer eleger a presidente da República, continuar controlando 19 ministérios e ainda querer brigar com os partidos aliados nos estados”, teria dito um líder peemedebista próximo ao vice-presidente.
Nos estados, o maior obstáculo entre os dois partidos localiza-se no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do país. O governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), lançará seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), como candidato. Cabral quer o apoio do PT, mas o partido já decidiu pelo lançamento de candidatura própria, o senador Lindbergh Farias (PT), o que não estava nos planos do PMDB local.
Além do Rio de Janeiro, PMDB e PT vivem dificuldades de relacionamento em Bahia, Pernambuco, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) será candidato ao governo contra o PT. Em Pernambuco, o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB) estaria acertado com o governador Eduardo Campos (PSB). No Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB) quer o apoio do PT para disputar o governo.
No Mato Grosso do Sul, o governador André Puccinelli (PMDB) é adversário do PT. No Rio Grande do Sul, PMDB e PT são adversários históricos e não deve haver acordo (os peemedebistas devem lançar a candidatura de José Ivo Sartori contra o governador petista Tarso Genro).
No Paraná, apesar da candidatura de Gleisi Hoffmann (PT) contra o governador Beto Richa (PSDB), o senador Roberto Requião (PMDB) também deve entrar na disputa. E em Santa Catarina, o senador Luiz Henrique (PMDB) deseja que o PT apoie a reeleição do governador Raimundo Colombo (PSD), o que é rechaçado pelos petistas catarinenses, com o PMDB indicando o candidato a vice-governador.
A situação entre PT e PMDB nesses estados requer um cuidado especial por parte das direções nacionais dos dois partidos. O caso que mais preocupa é do Rio de Janeiro, que possui o maior número de votos na convenção nacional do PMDB, que terá o poder de deliberar sobre a continuidade ou não da parceria entre Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014 na disputa pela Presidência.
Apesar dessas divergências, a tendência é que a aliança nacional entre PT e PMDB seja reeditada em 2014. Porém, será necessário um bom entendimento entre os dois partidos no maior número de estados possível, já que o crescimento de Eduardo Campos (PSB) pode incentivar as seções estaduais do PMDB descontentes com o tratamento que recebem do PT a se aproximarem de Eduardo.